Com clima e geografia favoráveis, riqueza hídrica e grande oferta de grãos para a produção de ração, Mato Grosso poderá desbancar em pouco tempo a liderança do Paraná no setor da piscicultura. O caminho, porém, passa por investimentos em manejo, gestão e qualificação de mão de obra.
A avaliação consta de um amplo diagnóstico do setor realizado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado.
Ao longo de 10 meses, os pesquisadores percorreram 28 municípios produtores. Foram ouvidos 231 produtores (o equivalente a 20% do total), além de 16 frigoríficos e pontos de comercialização de peixe.
Lançado nesta quinta-feira (16/10), em Cuiabá, o trabalho apresenta um perfil detalhado da cadeia de produção atual, dos produtores e também das expectativas do mercado consumidor.
“O resultado é otimista. Mato Grosso tem potencial para ser o líder, mas é preciso investir na cadeia de produção”, disse o gestor de Projetos do Imea, Daniel Latorraca, que participou do trabalho.
Atualmente, o maior produtor do país é o Paraná, com 80 mil toneladas anuais. Em Mato Grosso, de acordo com o estudo, a produção anual já supera as 60 mil toneladas. “A maioria da produção é destinada para o consumo no Estado (72%)”, diz um trecho.
A maior parte (55,8%) dos piscicultores mato-grossenses começou na atividade há menos de cinco anos e apenas uma minoria (22%) investe em qualificação de seus funcionários. E que a principal motivação para o investimento é o “gosto pessoal”.
“Para muitos produtores, a atividade ainda é tratada quase como um hobby, no máximo uma atividade secundária na propriedade. Isso é algo que tem de mudar para que o mercado seja consolidado”, disse o superintendente do Imea, Otávio Celidônio.
Mas há outros gargalos a enfrentar. Um dos principais, segundo o estudo, é o licenciamento ambiental. “A falta de estratégia pública para o desenvolvimento da cadeia gera leis complexas e burocráticas em relação ao meio ambiente”, aponta o estudo.
Outros desafios identificados foram a ausência de um programa sanitário oficial e o acesso difícil ao crédito, um fato que, de acordo com o Imea, “impossibilita a modernização e o aumento da escala de produção, quesitos fundamentais para a permanência e a ampliação do produtor na atividade”.
De acordo com o estudo, o mercado consumidor de peixes está em expansão no Brasil, mas o consumidor está cada vez mais exigente. “A indústria deve explorar um produto de baixo custo, de fácil acesso e preparo para o consumidor final, com o propósito de competir diretamente com os filés importados de peixes congelados.”
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br