Fotógrafo usa piscina para salvar peixes ‘encalhados’ no Rio Atibaia

Fotógrafo usa piscina para salvar peixes 'encalhados' no Rio Atibaia
Fotógrafo Edivaldo da Silva Alves salva peixes do Rio Atibaia e os coloca em piscina de chácara em Campinas (Foto: Arthur Menicucci/ G1 Campinas)

No caminho para a chácara localizada no bairro Gargantilha, em Campinas (SP), o fotógrafo Edivaldo da Silva Alves enfrenta dez quilômetros de estrada de terra e passa pelo rio Atibaia, principal manancial que abastece a cidade. O trajeto é feito no mínimo uma vez por semana e, desde abril deste ano, ele para o carro próximo ao local e recolhe os peixes que ficam presos nas pedras, por conta da baixa vazão. O destino é a piscina do imóvel dele, onde adaptou um sistema de oxigenação da água para que os animais sobrevivam. “Quero devolvê-los para o rio em janeiro, quando a chuva aumentar e o nível também”, prevê.

O fotógrafo de 58 anos, funcionário da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento SA (Sanasa) há 34 anos, conta que começou a recolher os peixes no período da estiagem, quando o nível do rio era crítico e as pedras ficavam expostas. “Percebi que urubus e outras aves sobrevoavam e desciam em cima das pedras. No início, achei que era algum animal morto, mas a situação se repetia e descobri que eram os peixes”, explica Alves.

A piscina, com 10 metros de comprimento e quatro de largura, virou o “hotel” dos animais. “Coloquei luz de neon e fiz um sistema para captar água da chuva. Os peixes estão muito bem tratados, difícil vai ser quererem voltar para o rio”, brinca. Segundo ele, há pelo menos sete espécies vivendo no tanque: tilápias e lambaris, em maior quantidade, além de cascudo, mandi, piau, piapara e até um curimbatã

Retribuição

Fotógrafo usa piscina para salvar peixes 'encalhados' no Rio Atibaia
Fotógrafo captou água da chuva para encher a piscina em Campinas (Foto: Arthur Menicucci / G1 Campinas)

A motivação do fotógrafo para o trabalho “voluntário” é o amor pela natureza. “Sou pescador, está no sangue. Retirei muito peixe do rio e chegou a hora de retribuir tudo que já me deram”, pondera. Segundo ele, a meta é devolver, em janeiro, pelo menos 300 peixes recolhidos para o Rio Atibaia, que abastece 95% de Campinas.

Alves relata, em tom de tristeza, que recolheu 50 peixes pequenos. “Em alguns dias, nem precisei molhar os pés para salvá-los”. Os animais são transportados do rio até a chácara na caçamba da caminhonete.

Para abastecer a piscina, o fotógrafo montou um sistema com canos e uma bomba, que transfere a água da chuva que cai sobre o telhado ao tanque. “Só não entendo dessa história de PH [potencial hidrogeniônico] da água, mas eles estão vivendo bem aqui”, finalizou Alves.

Fonte: http://g1.globo.com