O conhecimento tradicional é um grande indicador do grau de integração da evolução cultural do homem com o ambiente através de processos contínuos e dinâmicos, gerando conhecimentos. Manifesta-se por meio da arte, das práticas artesanais, das práticas agrícolas, dos costumes, de vestimentas, da criação de instrumentos de trabalho e nos hábitos alimentares, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional e o meio ambiente.
Em um contexto de crise como a que a sociedade humana enfrenta tende a favorecer a maior interação da ciência e de suas instituições com os sistemas de saberes dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.
O paradigma da interação entre conhecimento tradicional e conhecimento científico é abordado na publicação Conhecimento Tradicional: conceitos e marco legal, que compõe o volume 1 da Coleção Povos e Comunidades Tradicionais, lançada pela Embrapa Informação Tecnológica (Brasília, DF). O livro apresenta uma contribuição ao debate teórico e conceitual sobre o tema, por meio da reflexão de pesquisadores e acadêmicos de campos diversos do conhecimento, como antropologia, sociologia, biologia, ecologia, agronomia, economia, direito.
A coleção apresenta neste volume conceitos de comunidade tradicional, patrimônio ambiental, diversidade cultural e de etnociências; trata do marco legal segundo a nova Lei de Acesso e Repartição de Benefícios (Lei 13.123/2015) e da primeira anuência prévia brasileira; e relata experiências da Embrapa com povos indígenas e comunidades tradicionais, especialmente em ações que visam a segurança alimentar e nutricional, a conservação e o uso da agrobiodiversidade.
“Esta publicação lança uma reflexão sobre a necessidade de a pesquisa agropecuária adotar diretrizes que valorizem e reconheçam a importância do conhecimento tradicional associado para, conjuntamente, fazer frente aos grandes desafios impostos, por exemplo, pelas mudanças climáticas para a agricultura mundial”, destaca Consolacion Udry, uma das editoras técnicas do livro e analista da Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional (SGI).
Sobre os autores
O volume 1 da Coleção Povos e Comunidades Tradicionais ‒ Conhecimento Tradicional: conceitos e marco legal ‒ reúne 16 autores brasileiros e estrangeiros, entre os quais os professores brasileiros Manuela Carneiro da Cunha e Carlos Brandão, o professor mexicano Arturo Argueta Villamar, a promotora de justiça Juliana Santilli (falecida em novembro/2015), e pesquisadores da Embrapa e de outras instituições que têm pautado sua produção científica pelo compromisso com os sistemas de saberes dos povos e comunidades tradicionais (PCTs), com o diálogo de saberes e a busca de inovação com sustentabilidade.
A Coleção
A Coleção Povos e Comunidades Tradicionais foi criada com o objetivo de dar maior visibilidade para sociedade sobre o dialogo entre os sistemas de saberes tradicional e o cientifico e o conjunto de ações que a Embrapa, como empresa pública, vem realizando em todo o País, em diferentes áreas de pesquisa e com metodologias participativas de construção do conhecimento, que buscam convergências com essas comunidades e ampliam o apoio às políticas públicas voltadas para os povos e comunidades tradicionais no Brasil.
Os volumes já previstos para a coleção, em número de 7, abordam temas variados entre os quais se destacam conceitos e metodologias, legislação específica, experiências em PD&I da Embrapa na interação com povos e comunidades tradicionais em diferentes regiões do País, sistemas agrícolas tradicionais, segurança alimentar e nutricional, polinizadores como indicadores de monitoramento ambiental, mudanças climáticas, conservação e uso dos recursos genéticos da biodiversidade.
Com a coleção a Embrapa espera contribuir para que o Brasil assuma o compromisso de preservar e compreender ao máximo os conhecimentos expressos na sua pluralidade étnica e cultural, preservando a biodiversidade como grande patrimônio para a humanidade no presente e no futuro.