Neste domingo, 5, dia dedicado ao Meio Ambiente, tem início o primeiro Simpósio da Bacia Hidrográfica do São Francisco. O evento acontece nas cidades de Juazeiro (a 513 km de Salvador) e Petrolina (PE), com a meta de identificar e organizar o conhecimento científico adquirido através de trabalhos e pesquisas acadêmicas sobre a região.
O evento faz parte da programação do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) que no dia 3 deste mês lançou, como faz anualmente, a campanha em defesa do rio com o tema “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”.
Uma barqueata pelas águas rasas do rio aconteceu na última sexta-feira entre as cidades de Petrolina e Juazeiro, divididas pelo São Francisco. Segundo o barqueiro Israel Cardoso, o objetivo foi chamar a atenção das autoridades e da população sobre a precariedade da atual situação do rio.
Cuidado
“Acabou a navegação. Hoje é quase zero”, disse, acrescentando que o rio São Francisco faz parte da vida dos ribeirinhos, “e ele precisa de um trabalho grande para voltar a ser aquele rio conhecido por integrar diversas regiões do Brasil pela navegação”, disse Cardoso.
Os participantes da barqueata constataram o baixo nível das águas, a degradação do rio com o recebimento de esgotos na maioria das 507 cidades ribeirinhas do São Francisco e afluentes, o assoreamento e a diminuição das matas ciliares. Também fez parte da programação o peixamento com alevinos de espécies nativas para repovoar o rio.
Conforme o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, os seis estados e o Distrito Federal que fazem parte da bacia do São Francisco “devem participar mais deste processo de recuperação e preservação das nascentes, das matas ciliares e no processo de concessão de outorgas, tanto para uso das águas superficiais, quanto para as subterrâneas”.
Para ele, a revitalização deve ser o foco principal em torno das discussões sobre a calha principal e os afluentes. “Quando foi anunciada a obra da transposição, a União anunciou que, para cada real aplicado no projeto, outro seria investido em obras de revitalização. Mas isso não aconteceu”, criticou.
Miranda salientou que o comitê está atuando na elaboração do Plano de Gestão da Bacia com validade para os próximos dez anos, que deve ser concluído até setembro deste ano. Também destacou que a gestão, por causa dos múltiplos interesses, deve ser compartilhada.
De acordo com o secretário do CBHSF, Maciel Oliveira, mesmo com a atuação do comitê com as caravanas de saneamento, a falta dessa estrutura nas cidades que fazem parte da grande bacia hidrográfica “é um dos maiores problemas, pois atinge diretamente a qualidade das águas”.
Como exemplo, ele citou que “cidades como Paulo Afonso e Juazeiro, ambas ribeirinhas do São Francisco, ainda não têm tratamento de todo o esgoto e isto é intolerável”. Conforme Oliveira, o Ministério Público, entre outras entidades, tem sido um grande parceiro nas ações. Ele citou as Fiscalizações Preventivas Integradas (FPIs), que acontecem há 14 anos na Bahia, e agora estão sendo implementadas em outros estados da bacia.
Fonte: http://atarde.uol.com.br/bahia/noticias