A produção de ração constitui um dos pilares para o desenvolvimento do sector animal. Em Angola, a par do relançamento da produção da carne, há um avanço considerável do sector agrícola, permitindo uma combinação alimentar humana sustentável.
A aposta na indústria transformadora por parte do empresariado nacional tem garantido maior sustentabilidade aos projectos. A ração animal já é produzida no país. Aquicultura, avicultura, bovino, ovino e suínos são grandes exemplos de produção feita em Angola.
A empresa Terra do Futuro, localizada a 100 quilómetros do município da Quibala, é a única unidade de produção de ração de tilápia do país. Por dia são produzidas dez toneladas de ração que garantem as várias fases de crescimento do cacusso. Prevê-se para este ano a entrada em funcionamento de mais duas unidades que vão produzir até 30 toneladas de ração por dia. Além de ração para a tilápia, a unidade vai produzir ração para avicultura e suínos, para comercializar em todo o país.
A operar desde Abril de 2014, o complexo agro-industrial Terra do Futuro conta com outras unidades de processamento, do milho, do feijão e está por instalar a de bebida de soja. São pólos autónomos, mas complementares no todo que é o projecto.
A rede de produção obedece a uma linha que vai desde a recepção dos grãos por duas balanças de pesagem rodoviária, o laboratório de classificação, secagem e posterior colocação em silos.
Rogério Massachi “Takimura”, director da agro-indústria, disse que a armazenagem provisória é uma estratégica industrial Terra do Futuro. “Neste momento temos na unidade grãos conservados há dois anos que continuam impecáveis e isto permite garantir a produção em tempo de chuva ou de seca”, declarou.
Até ao momento, a ração produzida tem alimentado o Centro de Produção de Tilápia (cacusso) com capacidade de produzir mais de dois milhões de alevinos (peixes recém-saídos do ovo), localizado em Luanda, no município de Cacuaco, o Centro de Engorda da Gabela, na província do Cuanza Sul, com duas mil e 400 toneladas por ano, bem como o recentemente inaugurado em parceria público-privada na lagoa de Ngolome no Cuanza Norte com mais de 400 mil alevinos de tilápia de criação e uma produção anual de 400 toneladas de cacusso.
Dados do Ministério das Pescas referem que em 2015 a produção de aquicultura atingiu 872 toneladas, mas nos primeiros cinco meses de 2016 registou-se uma considerável redução nos níveis de produção, comparativamente ao mesmo período do ano passado, devido à actual conjuntura financeira que o país vive, criando problemas à importação da ração.
O director nacional da Aquicultura, António Azevedo disse que até Maio de 2016 o país havia apenas produzido cerca de 180 toneladas, enquanto no mesmo período de 2015 foram à volta de 300 toneladas. “Houve uma considerável redução. Isto porque continuamos a viver os mesmos problemas com a importação de ração, o que acaba por ser uma das grandes dores de cabeça, isso devido à actual situação financeira que vivemos”, disse António Azevedo.
A ração consumida actualmente é toda importada, nomeadamente do Israel e Brasil. “Havendo ração está o essencial resolvido, porque actualmente, em termos de alevinos, o mercado está muito bom e não há grandes queixas. “A ração é mesmo o grande problema”, concluiu.
Fonte: http://www.rondoniagora.com/