Apesar do alto potencial hídrico do Brasil, os elevados custos de produção têm dificultado o trabalho dos aquicultores, especialmente no que diz respeito ao preço da ração. Com exceção da malococultura (cultivo de ostra), a despesa com o insumo varia entre 70 e 80%. Esse é um dos temas que será debatido nesta sexta-feira (07/10), no Sindicato Rural de Ariquemes (RO), no Dia de Mercado da Aquicultura, evento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (FAPERON).
Para a economista e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pesca e Aquicultura, Andréa Munoz, as demais despesas do setor aquícola dependem do sistema de produção empregado, sendo os principais viveiro escavado e tanque-rede; além de intensidade tecnológica, entre outros fatores. “Em geral, além da ração, outros itens de custo importantes são: gastos administrativos, alevinos, mão de obra, energia e combustível”, observa.
A pesquisadora destaca que, para melhorar o controle do custo de ração, alguns aquicultores utilizam diferentes tipos de insumos a fim de atender as exigências nutricionais dos peixes. “À medida que vão crescendo, vai se ajustando a quantidade de ração a ser ofertada, otimizando o uso deste insumo”. Além disso, complementa Munoz, é recomendada a realização de capacitações aos multiplicadores quanto ao manejo dos sistemas de produção (manejo alimentar, de qualidade de água, de biometria e despesca) para melhorar as taxas de conversão alimentar e, consequentemente, a rentabilidade e competitividade dos empreendimentos aquícolas.
De acordo com a economista, infelizmente, nem sempre dá para os aquicultores repassarem esse alto custo de produção para o consumidor, pois vai depender das condições do mercado de pescado. “Se a oferta é maior que a procura, provavelmente o produtor não conseguirá repassar todo o gasto. Caso a procura seja maior, o produtor tem maior poder de barganha para repassar custos”, finalizou.
A palestra da pesquisadora da Embrapa tratará de custos de produção na aquicultura, com base na experiência de três anos de desenvolvimento do Projeto Campo Futuro da Aquicultura, uma parceria da CNA com a Embrapa Pesca e Aquicultura. Desde 2014, foram pesquisados 27 polos produtivos das seis espécies de pescado: tilápia, tambaqui, pintado, pirarucu, camarão e ostra dentre os principais polos das espécies comerciais importantes do país. “O estudo parte de um diagnóstico da situação financeira de cada polo, através de reunião técnica com produtores na qual é caracterizada a propriedade típica da região, seguido de monitoramento mensal de custos de insumos e preços de mercado em todos os polos”, explica Andréa Munoz.
Serão apresentados alguns índices do último monitoramento mensal para diversos polos e espécies e a evolução de alguns indicadores para os três polos pesquisados em Rondônia em 2015: Ariquemes – tambaqui; Ariquemes – pirarucu; Pimenta Bueno – tambaqui.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br