Manual vai orientar a industrialização do pescado em Mato Grosso

Manual vai orientar a industrialização do pescado em Mato Grosso

A Afirmação é do presidente da Associação dos Aquicultores de Mato Grosso (Aquamat), Daniel Melo, ao receber o ‘Manual técnico para regularização do processamento do pescado do estado de Mato Grosso’.

De acordo com Melo, no início do ano a alteração de uma normatização pelo Ministério da Agricultura estabeleceu que todo pescado precisa ser inspecionado para ser beneficiado. “Como boa parte dos produtores não estavam totalmente preparados, criou-se esse trabalho em parceria com o Sebrae e diversas instituições para montar o manual de forma correta e orientar como criar esse frigorífico dentro das normas”, explicou o presidente da associação.

A Aquamat tem mais de 400 produtores associados e representa em torno de 60% da produção do estado. “Há poucos meses estava todo mundo desesperado sem poder transportar o peixe para o restaurante, para onde quisesse. E identificando essa situação, o Sebrae logo se movimentou. Nesse meio termo, que não foram nem seis meses, dois ou três frigoríficos já conseguiram o registro de inspeção municipal. Então, é a prova de que quando a gente quer a gente dá as mãos e consegue vencer os desafios e fazer a piscicultura crescer. E tenho a certeza que com todos imbuídos nesse objetivo vamos conseguir ter uma grande produção no nosso estado”, destacou Garcia.

“Sabemos da importância desse trabalho realizado com muitos parceiros e representantes do governo estadual. Com esse manual tenho a convicção que vamos reduzir os conflitos e atritos existentes. Parabéns Daniel, por todo o seu trabalho e da Aquamat, e que estejamos juntos em outra jornada”, ressaltou o superintendente do Sebrae em Mato Grosso, José Guilherme Ribeiro.

No Brasil a produção de peixes nativos significa 43,7% da produção nacional – mais de 300 mil toneladas. Segundo a pesquisa pecuária municipal, Mato Grosso é o quarto maior produtor de peixe de água doce com uma produção aproximada de 36 mil toneladas, em 2017. “Sabemos da importância dessa atividade para o estado de Mato Grosso, que já foi o maior produtor de pescado de água doce e tem potencial de, no curto prazo, se tornar o maior produtor desde que o governo não atrapalhe, tenha regras claras e olhe o setor”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Leopoldo de Mendonça.

De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae em Mato Grosso, Hermes da Cunha, Mato Grosso é reconhecido nacionalmente como celeiro do planeta com a responsabilidade de produzir alimentos para o mundo. “Ampliamos o nosso olhar para as tecnologias que já dominamos na produção de grão, carnes suínas, bovinas e agora na produção de peixes. Temos natureza em abundância, temos melhores empreendedores, temos facilidade para produzir insumos e a piscicultura, e temos o desejo de criar apoiar as políticas públicas necessárias para o pleno aproveitamento dessas potencialidades a partir dos nossos mananciais aquáticos de forma sustentável”.

O Manual técnico para regularização do processamento do pescado do estado de Mato Grosso foi lançado durante a abertura da Feira Nacional de Peixes Nativos de Água Doce, que ocorreu nos dias 13 e 14 de novembro, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.

Futuro da piscicultura em MT

Segundo o presidente da Aquamat, Daniel Garcia, Mato Grosso possui um grande potencial para desenvolver a produção de peixes. “Mato grosso tem o segundo maior potencial hídrico do Brasil, temos reservatórios formados por usinas hidrelétricas ou PCHs que podem ser utilizados para a produção em tanque em rede e temos inúmeros rios para fazer a produção em tanque escavado. Ou seja, a nossa capacidade é enorme”.

De acordo com Garcia, atualmente os produtores mato-grossenses devem produzir entre 20 e 30% da capacidade do estado. “Existe um grande trabalho a ser feito e estamos muito preparados, porque temos os grãos que são a matéria-prima pra ração, as indústrias de ração, os produtores com capacidade, potencial hídrico, frigoríficos instalados que estão ociosos ou até parados. O que a gente precisa hoje é segmentar a produção para termos peixe em todos os meses do ano, não somente em alguns meses como acontece hoje”.

O presidente da Aquamat destaca que essa sazonalidade é prejudicial aos frigoríficos, porque eles não se sustentam com peixe somente em seis meses do ano. “Para isso, precisamos separar entre produtores de alevino, produtores de formas jovens – que é a recria-, e os produtores de peixe para engorda, de tal forma que este tenha todo mês um peixe para comprar e engordar num prazo menor. Em vez dele fazer o processo inteiro dentro da sua propriedade, ele pode comprar o peixe um pouco maior e reduzir o ciclo de engorda. Assim, vai ter peixe com mais constância e isso vai fortalecer a indústria. Esse é o grande desafio que a gente tem hoje”, finalizou Garcia.

Fonte: www.portaldoagronegocio.com.br