Técnica faz sucesso por garantir desova dos alevinos. Processo de fertilidade inclui até massagem abdominal no peixe.
A produção de alevinos em laboratório tem se destacado na piscicultura do estado de Rondônia. Segundo engenheiros de pesca, a técnica faz sucesso porque fora do habitat natural algumas espécies não conseguem fazer parte da reprodução. Já no laboratório a desova é garantida.
Douglas Guedes Gotardi, engenheiro de pesca, mostrou ao programa Rondônia Rural como se inicia o ciclo reprodutivo do peixe. Durante o processo, que começa no laboratório, os reprodutores recebem tratamento especial e uma alimentação super balanceada. Tudo para estimular a fertilidade.
“Lá é feito o processo manual de extrusão. Ou seja, fazem uma massagem abdominal, coletam os ovos da fêmea em uma bacia limpa e bem seca. E depois vai pegando os machos para tirar o esperma. E aí adiciona água gradativamente e ir misturando até que ocorra o processo de fertilização”, explica.
Após o processo de fertilização, segundo Gotardi, os ovos são levados a uma incubadora.
“Os ovos vão ficar ali com a incubadora, que tem uma estrutura com uma leve renovação da água. Com isso, os ovos vão ficando em suspensão. Dali mais ou menos 48 horas eles vão estar eclodindo, onde nascem as larvas dos peixes”, revela o engenheiro de pesca.
As larvas são quase transparentes e, após saírem da incubadora, seguem direto para os tanques de alevinagem. É lá que passam a receber ração especial até atingirem de dois a três gramas, um processo que demora de 30 a 40 dias.
Depois de um mês, os alevinos ficam aptos para serem transportados. Para isso, muitas vezes são usadas caixas acopladas com oxigênio do laboratório até a propriedade.
‘Povoamento’
Antes de fazer o povoamento dos alevinos nas propriedades de Rondônia, os engenheiros medem a temperatura da água. Isso é importante para evitar futuros problemas, como o choque térmico, por exemplo.
Logo depois, um pouco da água do viveiro é retirada e, aos poucos, colocada na caixa onde estão os alevinos. Douglas Gotardi diz que esse processo ameniza o choque térmico. Todo peixe precisa passar por esse período gradativamente, para assim se acondicionar com a nova condição do ambiente.
O próximo passo exige cálculos para medir a densidade de estocagem dos alevinos nos tanques. O processo serve para monitorar quantos peixes existem. Podem ser colocados de acordo com o tamanho dá área e a quantidade de água.
Para Douglas, a conta ideal é de quatro a cinco alevinos por metro quadrado para trabalhar a recria com peixes de até 300 gramas, em média.
“O dimensionamento de área ideal é importante para o desenvolvimento deles, pra poder ter uma boa produtividade e seguir à parte final de abate”, afirma.
Piscicultor satisfeito
O piscicultor Vildemar Xavier Marques entrou para a piscicultura em 2013, após se unir a outros dois sócios e comprar uma propriedade em Porto Velho.
“Na época existiam oito hectares, entre oito a dez hectares de lâmina d’água com alguns peixes e a gente acabou adquirindo a propriedade. A gente gostou da atividade e resolvemos ampliar a parte de piscicultura. Momento que a gente acabou fazendo este projeto, atualmente com aproximadamente 50 hectares de lâmina d’água”, afirma.
Vildemar diz que atualmente trabalha com diversificação de algumas espécies na propriedade, como o tambaqui, jatuarana e pintado.
“Nós trabalhamos pra fazer de sete a oito toneladas por hectare. Não significa que eu vá fazer uma multiplicação, porque parte desses tanques eu reservo pra recria. Então isso não me dá um resultado de toneladas no final. Nosso planejamento é de duzentos e cinquenta a trezentas toneladas por ciclo”, aponta.
Fonte: https://g1.globo.com/ro/rondonia