Cuidado com a água pode gerar uma economia de até quatro meses no final do ciclo de produção. Calcário e Cal virgem são outros produtos para usar na criação.
Manter a qualidade da água na piscicultura é uma das medidas mais importantes para quem deseja criar peixes em cativeiro. Segundo especialistas de Rondônia, se o produtor cuidar da água e dos peixes, ele pode gerar uma economia de até quatro meses no final do ciclo de produção.
Segundo o engenheiro de pesca Douglas Guedes Gotardi, o sal é um dos grandes aliados na piscicultura do estado. Ele é colocado nas caixas durante o processo de transferência dos peixes juvenis para os tanques de engorda.
Em entrevista ao Rondônia Rural, Gotardi explicou sobre a importância de salinizar a água dos peixes em cativeiro.
“O sal é um anti-bactericida, um antifúngico e auxilia a gente neste processo de transporte para que nos peixes não ocorram surto de fungo ou de bactéria durante o transporte entre os tanques. Ele também é um imuno-estimulante. O sal produz aquela quantidade de mucina no peixe, a defesa do peixe contra esses organismos, micro-organismos e ele também evita um pouco o stress do peixe”, ressalta o engenheiro de pesca.
De acordo com Douglas Gotardi, o cuidado com a água e os peixes têm resultado certo no final do ciclo de produção: uma economia de até quatro meses.
“A vantagem de você fazer a transferência e trabalhar esse sistema, que a gente chama de bifásico, é porque vai chegar no tanque tendo umas três gramas, até cinco gramas. Aí a gente vai adiantar 90, 120 dias do ciclo dele no viveiro, que é o recria, o berçário como a gente chama”, explica.
Após esse período, quando o peixe atingir o peso de 200/300 gramas, ele vai para o tanque de engorda, onde vai seguir até o peso final de abate. “Então, o que se demoraria 11, 12 meses pra se produzir se fosse estocar diretamente o peixe num tanque só, você consegue economizar 120 dias de cultivo se você trabalhar nessas duas fases do processo”, aconselha o engenheiro.
Outras técnicas para cuidar da água
Carlino Lima Filho, médico veterinário em Porto Velho, diz que calcário e cal virgem podem ser dois aliados para o produtor ajustar o PH da água dos tanques de piscicultura.
Em uma propriedade visitada por Carlino na capital, com 215 hectares, o tanque da piscicultura foi implantado respeitando o limite da questão de desmatamento. Tudo porque 60% da mata do sítio está intocável.
“A gente tem uma área específica que a gente não produz peixe, chamada de decantação. Ou seja, a água que eu descarto de um tanque, eventualmente a gente que tá fazendo troca da água pela qualidade. Nessa decantação ela só é descartada para o meio ambiente depois de limpa”, diz o piscicultor Vildemar Xavier Marques.
Carlino explica que a nascente também está preservada. Durante o projeto de piscicultura foi preciso recuperar a mata ciliar e cercar a região para que o gado da fazenda não tenha acesso à água. E isso tem um motivo:
“O principal é a poluição. Porque a piscicultura só se permanece se a água estiver em condições habitáveis. É nesse insumo que o peixe sobrevive, ele vive e praticamente tira parte da sua alimentação e parte da sua sobrevivência. Então se a água não estiver nas condições ideais, ele, além de não responder economicamente, normalmente vem a óbito”, ressalta.
Amostras feitas nos tanques de Carlino, que já possuem produção, estão com os padrões normais de qualidade. Porém, o especialista explica quais seriam as soluções necessárias, caso fosse preciso fazer ajustes na água.
“Nós usamos produtos como calcário ou calcário dolomítico, onde iremos usar uma quantidade determinada em função do PH. Quanto mais baixo o PH, mais quantidade de calcário, que varia de uma tonelada a quatro toneladas por hectare. Ou na falta do calcário você pode usar a Cal virgem sem o peixe. Use uma quantidade menor”, aconselha.
Segundo o especialista, Cal é tóxico, dependendo da aplicação. “Isso tem que ser aplicado antes, no máximo duzentos quilos por hectare. Após a correção do PH, a gente começa a fazer com que a água se torne rica em nutrientes”, diz.
Carlino diz que para isso há várias opções. “Você tem a fertilização orgânica, onde você usa farelos vegetais de arroz, que é rico em carbono. E aqui você tem outro produto que substitui o farelo, que é mais barato que é o esterco. No caso bovino, gado de leite, que é suplementado, então o esterco é um pouco mais rico, do o esterco de gado de pasto. É um gado que trabalha aqui sem agrotóxico, sem herbicida, então você tem um produto de alta qualidade. É rico em carbono e mais barato. No momento que corrigisse que o PH estivesse ideal você vai usar o adubo orgânico. Na falta de adubo orgânico você tem a condição de ter o adubo químico. Você tem a ureia que é a fonte de nitrogênio e o fósforo. Então a relação do carbono, nitrogênio e fósforo você faz a água ficar em equilíbrio. Essa água vai ter oxigênio, nutrientes e sais”, finaliza.
Fonte: https://g1.globo.com