O uso de alevinos de qualidade e com boa genética é um dos fatores principais para o sucesso na criação de tambaqui em cativeiro na região Norte. Com o objetivo de qualificar produtores de oito municípios do Amazonas, a Embrapa Amazônia Ocidental e a Secretaria Executiva de Pesca e Aquicultura (SEPA) do Estado do Amazonas promoveram um curso sobre reprodução da espécie, entre os dias 04 e 08 de novembro. A capacitação foi realizada no Centro de Treinamento, Tecnologia e Produção em Aquicultura (CTTPA), em Balbina, município de Presidente Figueiredo, AM, que é considerado referência em reprodução de tambaquis.
Ministrado por Ronan Alves de Freitas, José Mario Baracho de França e Leôncio Neves Rolin, da equipe da Sepa e que atuam no CTTPA, o curso abordou todas as etapas e protocolos para a reprodução do tambaqui e a formação de alevinos para futura criação em cativeiro. Segundo o engenheiro de pesca José Maria Baracho, o procedimento para a reprodução induzida da espécie não é complicado e pode ser acessível aos produtores, mas engloba diferentes fases que precisam ser executadas de acordo com as tecnologias já testadas pela pesquisa e que já são utilizadas. “A reprodução induzida possibilitou a grande expansão da criação de tambaqui na região e como sabemos o segredo da piscicultura está no uso de alevinos de qualidade”, ressaltou Baracho.
A capacitação é mais uma ação do projeto “Transferência de tecnologias para o desenvolvimento da piscicultura no Estado do Amazonas (Peixe-Pró)”, coordenado pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Roger Crescêncio. O Peixe-Pró integra o Projeto Integrado para a Produção e Manejo Sustentável do Bioma Amazônia, financiado com recursos do Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por esse projeto, foram realizadas, em 2019 capacitações sobre a produção de tambaqui em tanque escavado em diferentes municípios do Amazonas, com o objetivo de repassar tecnologias e boas práticas que aumentem a produtividade e a renda dos produtores do estado.
De acordo com Roger Crescêncio ainda é comum para o piscicultor ter prejuízos em decorrência de uso de alevinos que baixa qualidade. “Muitas vezes o produtor compra alevinos que não se desenvolvem e crescem como o esperado, perdendo parte ou até toda a produção”, disse. Segundo o pesquisador, essa capacitação vem justamente para propiciar que produtores já envolvidos na atividade dominem a tecnologia de reprodução e abasteçam sua própria criação e a de outros na região em que está instalado. Com isso o objetivo é qualificar e ampliar a produção de tambaqui no estado, peixe muito apreciado e consumido na região Norte do país.
Durante o curso foram repassadas informações sobre todo o processo de reprodução, desde a escolha das matrizes até a soltura dos alevinos nos tanques de criação. Um dos processos necessários é a aplicação de hormônios para induzir as matrizes à reprodução, uma vez que o tambaqui não se reproduz de forma espontânea em cativeiro. “Selecionar peixes maduros e saudáveis, com boa genética, como matrizes é fundamental para que a reprodução e, posteriormente, o processo de engorda seja bem sucedido”, ressaltou José Mario Baracho.
Um dos participantes do curso foi o produtor Honório Rios, cuja propriedade está localizada no município de Silves. Fazendo esse tipo de capacitação, Rios disse que pretende iniciar reprodução no início do próximo ano, período em que planeja ampliar sua atividade na criação de peixes. “É preciso investir na qualidade dos alevinos para tenhamos um produto também de qualidade para entregar para o consumidor”. Além de Rios participaram da capacitação produtores dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva, Humaitá, Benjamin Constant, Apuí, Presidente Figueiredo e Iranduba.
Fonte: https://www.portaldoagronegocio.com.br/