Pescados ganham cada vez mais espaço e empresas privadas adotam práticas sustentáveis para levar produtos de qualidade aos consumidores
A aquicultura vem ganhando cada vez mais espaço na economia brasileira. Segundo dados da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXEBR), a atividade cresceu, em média, 4% ao ano, entre 2013 e 2020. Dentro desse setor, a piscicultura (cultivo de peixes) ganha destaque. Hoje é considerado o segmento mais importante do mercado de aquicultura – somente em 2020 produziu 802 mil toneladas.
O crescimento desse mercado está relacionado ao aumento do consumo de peixes na dieta alimentar das pessoas. Segundo dados de um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO), os peixes representam 15% da dieta de proteína de origem animal do consumidor. O hoteleiro Leandro Cabral conta que passou a priorizar o produto na mesa graças aos seus benefícios. “O peixe é cheio de nutrientes e posso consumi-lo de diversas formas. Ensopado, grelhado ou frito”. Outro fator que explica a expansão desse mercado é a profissionalização do setor, de acordo com o pesquisador da Embrapa, Manoel Pedroza, com a entrada de médias e grandes empresas, além de cooperativas, que operam com grandes volumes e alta tecnologia.
O mercado externo é o maior responsável por puxar o desenvolvimento da atividade no Brasil. Segundo o Centro de Inteligência e mercado da Aquicultura da Embrapa (CIAqui), até novembro deste ano, as exportações da piscicultura já totalizam US$ 17,4 milhões, aumento de 47% se comparado com os 12 meses de 2020 – US$ 11,8 milhões. O destino principal são os Estados Unidos, importando 54% do total vendido.
Para o pesquisador da Embrapa, a aquicultura do Brasil continuará se expandindo nos próximos anos, tanto pelo crescimento doméstico, quanto pelas exportações. “No Brasil, o preço dos pescados no varejo ainda é uma barreira importante para o aumento do consumo, mas existe uma tendência de redução dos valores a partir do aumento da escala de produção e da automação das empresas, seja nas fazendas de engorda, como nas indústrias de processamento”.
Prática sustentável
Com a expansão da aquicultura, novas empresas estão entrando nesse mercado e garantindo práticas sustentáveis para o setor. A JBS, líder global em produção de alimentos à base de proteína, investiu US$ 315 milhões na compra de 100% das ações da Huon Aquaculture, segunda maior produtora de salmão da Austrália.
Para o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, a aquisição foi uma decisão estratégica para a companhia. “Vamos repetir na aquicultura o que fizemos anteriormente com frango, suínos e produtos de valor agregado. Este mercado será uma nova plataforma de crescimento dos nossos negócios”.
Ao todo, a Huon conta com 13 locais de produção e três unidades de processamento de produtos de valor agregado como filés, defumados ou ovas de salmão.
Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/