Ação realizada na Semana Santa ajudou a aliviar a fome de pessoas em regiões carentes de São Paulo
A 2ª fase da ação “Tem Peixe na Quebrada” ajudou a aliviar a fome de centenas de pessoas em regiões carentes de São Paulo na Sexta-Feira Santa e Páscoa. A iniciativa contou com a distribuição de mais de uma tonelada de pescado, de diversas espécies, como atum, cação, peixe-espada, tilápia e panga.
As doações aconteceram de quinta-feira (14) até o último domingo (17). Foram beneficiadas as comunidades de Jardim Maria Sampaio, Capão Redondo, Vila Brasilândia e Jardim Lapenna, todas em São Paulo.
A campanha foi organizada pela Gastronomia Periférica – negócio social de capacitação gastronômica – e Solano Trindade – agência de fomento e fortalecimento da economia da cultura criativa, Abraão Oliveira Neto e a Seafood Brasil. Para ser realizada a “Tem Peixe na Quebrada” contou com as doações das empresas Brazilian Fish, Frescatto Company, Morota Pescados, New Fish, São Rafael Câmaras Frigoríficas e Trovão Pescados.
“O segundo ano da campanha ‘Tem Peixe na Quebrada’ comprovou a necessidade da gente trabalhar em diversas mãos, no sentido de, por um lado, aliviar a situação da fome com o pescado como ferramenta, mas também discutir mais profundamente o tema dos desertos alimentares na periferia. E de que maneira o pescado, um alimento nobre e saudável, pode contribuir para melhorar a situação nutricional nas periferias de todo o Brasil”, comenta Ricardo Torres, editor da Seafood Brasil e um dos organizadores da campanha.
1ª Fase da “Tem Peixe na Quebrada”
No ano passado, a primeira fase da ação “Tem Peixe na Quebrada” contribuiu para a Semana Santa de mais de 900 famílias de regiões periféricas de São Paulo com a doação de mais de 1 tonelada de pescado. Na ocasião, foram beneficiadas as comunidades de Campo Regional, no Campo Limpo, Jardim Ibirapuera e Jardim Maria Sampaio, na zona sul, e no Parque Trianon, em Taboão da Serra. Na zona norte, a ação ocorreu no Instituto Pedro Henrique e no Jardim Paulistano.
Naquela etapa, a ação teve apoio das empresas: Baita Frio, Brazilian Fish, Frescatto Company, Gomes da Costa, Morota Pescados, Mova Logística, New Fish, Prime Seafood, São Rafael Refrigeração e Trovão Pescados.
Covid-19 e inflação impactam diretamente na mesa dos brasileiros
A fome sempre foi a realidade de milhões de famílias no Brasil, mas a chegada da Covid-19 agravou a situação no País e mundo. Em 2021, o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) mostrou que no cenário global, na década de 2010, a fome havia começado a subir, diminuindo as esperanças de um declínio irreversível. Em 2020, disparou em termos absolutos e proporcionais, ultrapassando o crescimento populacional: acredita-se que cerca de 9,9% entre todas as pessoas no mundo tenham sofrido de desnutrição, em comparação a 8,4%, em 2019.
A estimativa aponta ainda que 23,5% da população brasileira tenha vivenciado insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020, um salto de 5,2% em comparação com o último período da pesquisa, entre 2014 e 2016.
A insegurança alimentar severa é definida como fome por falta de comida e, em casos extremos, as pessoas ficam dias sem se alimentar. No período da pesquisa, eram quase 7,5 milhões de brasileiros nessa condição, agravada pela pandemia.
Embora o avanço da vacinação contra a Covid-19 tenha contribuído para conter a crise sanitária global nestes primeiros meses de 2022, os impactos da estiagem em algumas regiões do País e também das enchentes em outros Estados têm refletido-se no aumento dos preços dos alimentos, além da guerra na Europa entre Rússia e Ucrânia.
Entre os resultados deste cenário, a inflação voltou a impactar na mesa dos brasileiros, a ponto de o IPCA de março ter sido o maior desde a criação do Plano Real, ficando em 1,62%, e também tem se alastrado em outros recortes globais. Um cenário, que, inclusive, como demonstra reportagem do Estadão no último fim de semana, tem provocado perdas de conquistas dos consumidores, com 73,1% declarando que deixaram de comprar carne recentemente.
A carne, aliás, enfrenta uma alta global. O Índice de Preços da Carne da FAO teve uma média de 120,0 pontos em março, um aumento de 5,5 pontos (4,8%) em relação a fevereiro, atingindo um recorde histórico. E os motivos para isso são vários. Em março, os preços da carne suína registraram o maior aumento mensal desde 1995, sustentado pela falta de oferta de suínos para abate na Europa Ocidental e um aumento na demanda.
Além disso, os preços internacionais da carne de aves se firmaram, impulsionados pela redução da oferta dos principais países exportadores após surtos de gripe aviária, ainda mais impactados pela incapacidade da Ucrânia de exportar. Já os preços da carne bovina também se firmaram, pois a oferta restrita de gado pronto para abate persistiu em algumas regiões produtoras importantes, enquanto a demanda global permaneceu sólida.
E o pescado não fica fora dessa alta de preços. O Índice Ceagesp, que mede a variação dos preços de uma cesta de cerca de 150 produtos comercializados no entreposto da estatal federal na capital de São Paulo, registrou salto de 4,89% em março. Nesse cenário, o pescado teve uma alta acima do índice, o influenciando diretamente, terminando o terceiro mês de 2022 com inflação de 5,61%, como destacou recentemente a Seafood Brasil.
Créditos: Organização “Tem Peixe na Quebrada”
Fonte: https://www.seafoodbrasil.com.br/