Forma como os produtos são apresentados e divulgados no ponto de venda é crucial para atrair o interesse do consumidor
O varejo de pescado no Brasil tem diversos obstáculos que vão desde questão da perecibilidade até as turbulentas regulamentações, fazendo com que os comerciantes enfrentam uma jornada complexa para garantir que os produtos cheguem adequadamente às mãos dos consumidores. No entanto, em meio a esses desafios, há oportunidades impulsionadas sobretudo pela crescente demanda por alimentos saudáveis e consumidores ávidos por novas experiências culinárias.
Meg Felippe, ex-diretora do Carrefour participou do Podcast Seafood Brasil e comentou como é desafiador vender pescado no varejo. Para ela, algumas pessoas consomem pescado uma ou duas por semana, mas a venda do produto ainda está muito relacionada à oportunidade, oferta ou impulso.
“As ofertas impulsionam muito os produtos mais familiares ou mais fáceis de manipular. O varejista tem que mostrar outras opções e oportunidades, principalmente os peixes mais nobres para consumo em festas, encontros e fins de semana. O desafio é grande, pois o público é diverso e eclético e a compra do pescado não ocorre na rotina do cliente. Embora tenha havido uma mudança de comportamento e o peixe já faz parte da semana de algumas famílias, ainda não é parte do dia a dia para muitos.”
Neste sentido, a tilápia segue sendo um facilitador de decisão, pois a variedade de peixes pode intimidar alguns consumidores. Por isso, peixes com filés brancos e sem espinha são uma escolha popular, de baixo risco e facilidade de preparo. Para ela, os programas de culinária e experiências do consumidor na cozinha durante a pandemia os desafiou a experimentar outros produtos, mas há espaço para melhorar essa relação e mostrar as oportunidades e benefícios do pescado ao consumidor.
Degustações e cultura de consumo
Felippe ressaltou que as degustações e eventos gastronômicos são fundamentais para que os consumidores experimentem novos produtos, como o Festival do Pirarucu realizado no ano de 2023, que impressionou as pessoas com o sabor, a textura e a facilidade do produto. Conforme ela, isso mostra o quanto ainda há espaço para mostrar a variedade e o sortimento disponível. “Os consumidores ficaram encantados com o sabor, mostrando que se eles experimentarem o peixe, vão gostar. A relação do consumidor com o peixe não é de desafeto, mas de distanciamento por desconhecimento. É um setor desafiador, com muitas opções e preocupações com desembolso e preparo.”
O consumidor brasileiro encontra no churrasco uma tradição de consumo, mas ele também pode descobrir e diversificar o cardápio com o tambaqui, o pirarucu, o bacalhau e outras espécies de peixes. A proposta do peixe no churrasco surge para desmistificar o consumo de peixe como algo elaborado e mostrar a versatilidade em diferentes ocasiões, o que é fundamental para ampliar o consumo regular da dieta dos brasileiros.
É uma rotina das lojas e peixarias realizar degustações e oferecer diferentes preparos aos clientes, mas é preciso que a indústria apoie e esteja junto, forneça suporte, desde os insumos até o ensinamento sobre o produto e conte a sua história. Assim, segundo ele, será possível aumentar o consumo de pescado, mostrar ao consumidor as variedades disponíveis e tornar o peixe uma opção atraente em todas as refeições.
Fonte: https://www.seafoodbrasil.com.br/