Peixes se ‘acostumaram’ com o novo caminho construído, diz biólogo. Das 70 espécies de peixes do Madeira, 25 já passaram pelo canal.
Uma das preocupações com a construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira era em relação à reprodução dos peixes. A primeira piracema após o desvio do rio e o início de operação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio não foi prejudicada. Milhares de peixes de escamas como pacus, tambaquis e jatuaranas nadam contra a correnteza do Rio Madeira para desovar nessa época do ano.
Para garantir a passagem dos peixes, os engenheiros da construtora projetaram um canal artificial de um quilômetro de extensão construído no meio da barragem, onde antes havia a cachoeira de Santo Antônio.
O Sistema de Transposição de Peixeis (STP) construído imita as nuances do rio como a das corredeiras e barreiras naturais que os peixes precisam passar para desovar. Entre as pedras, se formam os lagos onde os peixes descansam a cada barreira que passam. As dificuldades são menores, mas permanecem. Segundo o biológo, sem dificuldades os peixes não sobem o rio para procriar.
Os peixes, ao que tudo indica, se acostumaram rapidamente com a nova passagem. “Os sistemas desse tipo em outras usinas costumam demorar até quatro anos para começar a dar resposta. Desde o início do sistema de funcionamento de transposição a gente tem observado peixes aqui dentro, então é um resultado muito positivo para nós”, explica o biólogo Alexandre Marçal, da Santo Antônio Energia.
O trabalho é permanente, as equipes da empresa contratada fazem o monitoramento no trecho do canal. Os peixes são pescados por amostragem; identificados e depois devolvidos a água. Das mais de 70 espécies que habitam a região do Rio Madeira, segundo estudos anteriores, 25 estão passando pelo canal.
“É um número bastante positivo. O Rio Madeira é um rio muito rico de espécies, mas na zona de corredeira esse número não é tão grande quanto no Rio Madeira como um todo e nem todas as espécies passam de baixo para cima, tem algumas espécies que precisam ficar na parte baixa”, afirma Alexandre.
Bagres do Madeira
Os testes definitivos começam em dezembro, quando se inicia a temporada de chuvas na Amazônia; e as espécies de peixe de couro, os chamados grandes bagres que estão no topo da cadeia alimentar, começam a desovar. Nos últimos dois anos, os biólogos instalaram chips em mais de 200 peixes de couro capturados perto da usina.
Quando o ciclo de desova dos peixes de couro começar, os sinais emitidos pelos chips serão captados pelas antenas colocadas; com isso os cientistas poderão saber qual a proporção de bagres que conseguiu subir e chegar até a represa.
Fonte: http://g1.globo.com