O segmento baiano de pesca deve alcançar o segundo maior nível de produção do País em 2013 – posição atualmente ocupada pelo Paraná, que produz 140 mil toneladas de pescado por ano
A Bahia inaugurou, no final do mês passado, dois terminais pesqueiros, inaugurados em novembro, em Ilhéus e Salvador, num investimento de R$ 22 milhões, financiados pelo governo federal.
“Temos a maior costa do Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros, mas não tínhamos nenhum terminal de pesca”, disse o secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Eduardo Salles, em entrevista ao DCI.
A falta dessas estruturas ainda faz com que parte da produção de peixes baiana seja registrada em outros estados, como Santa Catarina, para cujos portos é enviada, de acordo com o presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli.
A empresa pública, vinculada à pasta da Agricultura, observa aumento superior a 50% da oferta de pescado do estado nos últimos quatro anos, enquanto 1.500 tanques-rede foram construídos, em nome da “aquicultura familiar”, com recursos públicos.
“Há quatro anos, produziam-se 78 mil toneladas. Esse número já passa de 120 mil. Isso se deve ao trabalho de valorização da pesca artesanal e da aquicultura familiar, com apoio do governo federal”, declara Albagli.
O representante conta que um novo projeto de construção de um terceiro terminal pesqueiro, em Alcobaça, está a caminho da União, a que serão pedidos mais recursos (R$ 15 milhões).
Com os terminais, Albagli espera que haja aumento produtivo não só em função da melhora logística, que facilitará o trabalho dos pescadores, mas também por conta da solução que representa a estrutura para a evasão de pescado do estado. “Boa parte da produção da Bahia acaba na estatística de outros estados”, afirma.
Os dois terminais já existentes estão em fase de testes. As estruturas oferecem diesel subsidiado pelo governo federal, câmaras de gelo e equipamentos de pré-beneficiamento, segundo Salles. A localização dos pontos logísticos, incluindo o que ainda está em fase de projeto, é equidistante.
O segmento também será beneficiado com a entrega de quatro barcos de pesca profissional, inéditos na Bahia, que estão sendo construídos ao custo de R$ 12 milhões. Além disso, estuda-se com a Secretaria do Meio Ambiente um projeto de lei para acelerar as licenças ambientais destinadas à pesca artesanal.
Organização
Como a ideia do governo estadual é delegar a administração dos terminais à iniciativa privada, colônias de pescadores estão aproveitando a onda de aportes para se organizar em grupos maiores.
Na região de Pontal, em Ilhéus, a colônia Z-19, que pesca 60 toneladas de peixe por ano com cerca de 20 embarcações, juntou-se a outras três congêneres para formar uma cooperativa.
“As colônias estão se reunindo para discutir o uso dos terminais. Nossa proposta é atrair embarcações que hoje levam a produção para fora da cidade, e trazê-las para a cooperativa”, conta o líder da Z-19, José Leonardo dos Santos.
Entre as discussões atuais, o representante cita o maior controle sobre os preços, aproveitando a função dos terminais de manter guardada a oferta, à espera de elevação; definições a respeito de embalagens; e meios de comercialização.
Reunião
Representantes da pesca devem se reunir no início de 2013 com a Secretaria da Agricultura baiana para discutir políticas públicas e diretrizes para o segmento. Salles conta que a ideia é repetir o tipo de reunião que hoje é feita com as secretarias agrícolas municipais.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br