A espécie é nativa da bacia amazônica, mas é a tecnologia dos piscicultores paulistas que explica a inversão de papéis.
A espécie é nativa da bacia do Rio Amazônas, mas agora está em algas paulistas. Há quinze anos Matrinxãs são criadas em tanques de Mococa. Mais de 2 milhões são produzidos por ano na empresa de piscicultura. A espécie pode alcançar 50 centímetros de comprimento e 2 quilos de peso.
É boa para pesca esportiva e para o consumo. “É um peixe resistente, bom de carne e isso trouxe interesse para toda a atividade e ainda despertou o interesse da empresa de produzir esse peixe em grande escala”, diz o piscicultor Martinho Colpani.
A tecnologia que permite a reprodução em grandes quantidades faz com que sobrem peixes por aqui, mas eles estão em falta em estados como Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Rondônia, além é claro, do próprio Amazônas. Com maior índice de consumo de carne de peixe do país, cerca de 70 quilos por ano, por habitante, o estado precisa recorrer ao Matrinxã produzidos pelos irmãos Colpani.
“Tem muito peixe ainda no rio, mas um dos indicativos disso a nível global é que a pesca extrativista ela está dando sinais que o peixe no rio e no mar vai acabar e a tendência é a criação. Manaus tem produção, produz alevinos, mas tem alguns déficit alguns períodos do ano e a gente acaba suprindo isso através do nosso abastecimento”, afirma Martinho.
Há três anos é assim. Dessa vez 40 mil alevinos vão ser levados para Manaus, eles precisam ter entre 3 e 5 centímetros. Quanto menores, mais fácil e barato o transporte. O trabalho começa com a coleta dos peixinhos, do tanque seque para a quarentena onde ficam sem alimentação por 24 horas. “Ficam numa água mais limpa possível para que ele limpe todo o seu intestino, porque senão ele vai sujar a água e com os metabólicos na água vai ter o acumulo de amônia e vai ser prejudicial para o próprio peixe“, explica o piscicultor Thiago Colpani.
Depois de contados são colocados em sacos plásticos com água e gelo, a mortandade é de apenas 1%. “A gente controla a temperatura dessa água da embalagem, vai condicionado dentro de caixas de papelões que também ajudam a manter essa temperatura e o caminhão que faz o transporte até o aeroporto também é climatizado. Assim, tudo isso para que o peixe tenha o maior conforto possível e para que os nossos clientes não tenham nenhum prejuízo com mortalidade”, diz Thiago.
Cada embalagem tem 600 alevinos, depois de prontas as embalagens vão para o caminhão e a longa viagem de 3.800 quilômetros começa. De Mococa até São Paulo vão ser 4 horas de estrada, depois disso os peixes ainda vão enfrentar outras 4 horas de vôo num avião cargueiro até chegar a Manaus e todo o transporte tem que ser feito a noite para não estressar o peixe.
A jornada por estradas e aeroportos dura mais de 10 horas. Já em terra amazonenses o carregamento de matrinxãs é recebido por Getúlio Miranda. O piscicultor que vai engordar os alevinos. As caixas lotam os veículos que fazem o transporte até a propriedade. Os peixes só vão estar prontos para o consumo dentro de 10 meses. Sem tecnologia e investimento no setor, ficaria difícil aumentar a oferta da espécie na região.
“Nós queremos no futuro trazer essa tecnologia pra cá, principalmente pra Manaus e nós já estamos desenvolvendo um grande projeto pra alevinos. Hoje a gente trazendo com esse valor ainda chega mais barato do que o preço local, então agente fazendo a tecnologia aqui a gente vai ter o preço muito inferior e talvez com valores que o tambaqui já existe aqui e nós vamos conseguir na matrinxã também”, conclui Getúlio.