Níveis estão acima da quantidade consideradas toleráveis pela OMS. Tucunaré, cação, pescada branca e tainha-curimã estão contaminados
Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Ecologia Aquática da Universidade Federal do Pará (UFPA) em parceria com o Instituto Evandro Chagas mostra que algumas espécies de peixe consumidos em mercados e feiras de Belém apresentam alto teor de mercúrio, em níveis acima da quantidade consideradas toleráveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a pesquisa a contaminação de mercúrio encontra-se em espécies como tucunaré, cação, pescada branca e tainha-curimã, espécies topos de cadeia e comuns na mesa do paraense. De acordo com o professor Tommaso Giarrizo, coordenador da pesquisa, o trabalho foi realizado com amostras de 110 espécimes, pertencentes a 28 espécies, em alguns mercados de Belém.
Embora todas as espécies tenham registrado algum teor de mercúrio, quatro delas apresentaram contaminação de mercúrio com nível bem acima de 0,5 mg/kg, nível máximo estabelecido pela OMS. Os limites de concentração em peixes como os sugeridos pela ANVISA e OMS só fazem sentido se associados a uma taxa de consumo de peixe.
O limite de 0,5 mg/kg sugerido pela OMS, por exemplo, aplica-se para um consumo de até 400 gramas de peixe por semana para um adulto de 60 quilos. Adicionalmente, a ingestão de peixe varia muito nos municípios paraenses, de acordo com o nível sócio-econômico e os hábitos individuais. Portanto, os limites de ANVISA e OMS deveriam ser associados a dieta semanal/diária de pescado levando em consideração a quantidade e tipo de pescado.
Ainda segundo o professor, as espécies cação e tucunaré apresentaram os níveis mais altos que o limite estabelecido pela legislação brasileira para peixes predadores, os quais são definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 1mg/kg. A contaminação atinge principalmente espécies carnívoras como o cação, a pescada branca e o tucunaré, por causa de sua posição trófica, ou seja: são peixes que se alimentam de outros igualmente contaminados e assim vão somando teor mercurial ao longo da vida, uma vez que o material é bioacumulável.
O Dr. Marcelo Lima, colaborador do projeto, acrescenta que os níveis encontrados de mercúrio no peixe é o mesmo encontrado em outras bacias amazônicas nos últimos anos, como já relatados em estudos anteriores da Seção de Meio Ambiente (SAMAM) do Instituto Evandro Chagas (IEC), pois existem resultados que apontam níveis ainda mais altos que os valores encontrados.
Problemas
O mercúrio é capaz de causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central do ser humano levando a sintomatologias como tremores, perda de memória, dificuldades de audição, visão com redução do campo visual e do desempenho psicomotor e dificuldades motoras.
A pesquisa coordenada pelo Professor Dr. Tommaso Giarrizzo, foi realizada por uma aluna do curso em ciências biológicas da UFPA, Juliana Araújo, que integra o Grupo de Ecologia Aquática e Pesca da UFPA com a colaboração do Dr. Marcelo Lima do Instituto Evandro Chagas.
Fonte: http://g1.globo.com