Um evento histórico, surpreendente pela beleza e sofisticação de peças como bolsas, sapatos e outros acessórios femininos e, ao mesmo tempo, promissor pelas oportunidades de negócio que oferece para a cadeia produtiva do pescado. Esta é a sintese da 1ª Exposição de Artigos Confeccionados com Couro de Peixes Brasileiros, que está sendo realizada nesta quarta-feira (5), no Centro Cultural Banco do Brasil, na capital federal. A promoção é do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Empresas e artesãos de diversas partes do País apresentam na exposição desde peles curtidas e trabalhadas até produtos sofisticados de alta moda. Alguns destes produtos, elaborados com couro de espécies como pirarucu e aruanã, inclusive, encantaram a moda mundial em Milão ainda este ano, como uma novidade original e ecologicamente sustentável da Amazônia Brasileira.
Segundo o ministro Marcelo Crivella, que participou da abertura da exposição, os brasileiros precisam saber que “com o peixe é possível fazer produtos sofisticados, que fazem sucesso no exterior e que às vezes aqui no Brasil não têm a mesma repercussão”. “É um novo horizonte que abrimos para aumentar a perspectiva econômica da nossa cadeia”, concluiu.
Perspectivas
A empresária Lozia Filip, do Rio de Janeiro, explica que há nove anos trabalha com couros para desenvolver produtos como bolsas, cintos e acessórios. Entretanto, descobriu há cerca de dois anos os couros de peixe, que além de criarem novas e impressionantes possibilidades de design, são mais resistentes que os do gado vacum.
Atualmente Lozia compra couro de peixe já beneficiado para aplicação em seus produtos, que repassa a uma extensa cadeia de lojistas. Em muitas peças ela faz combinação de couros, sendo que os de peixe formam os detalhes que garantem o “charme” às peças.
A empresária representou o Brasil na feira de moda de Milão no primeiro semestre e era a única, entre mais de 2.300 expositores, a apresentar produtos com couro de peixe. “A aceitação foi ótima, perfeita!”, resume. O resultado é que ela foi convidada a retornar novamente a Milão, para a feira de moda primavera/verão, no próximo mês de setembro.
Já a empresa de Marcelo Frozza, do Rio Grande do Sul, se especializou em beneficiar peles de pirarucu, pescada amarela e aruanã – espécies amazônicas – e de tilápia. “O couro vem cru, seco, ou salgado ou congelado”, explica. Em seguida, esta matéria-prima é lavada e tem cuidadosamente retirada as suas escamas. As escamas da tilápia são cerca de dez vezes menores do que a do pirarucu, mas o cuidado é o mesmo, para não estragar o couro e preservar as “lamelulas”, que são os invólucros das escamas, que garantem a identidade toda especial do relevo deste tipo de couro.
Para Frozza, preconceitos já ficaram para trás, e hoje já se sabe que o couro beneficiado não exala cheiro e ainda é muito resistente, pelas características da “trama”, que trabalha em diferentes direções. A atual conjuntura, para ele, é de intensificar a divulgação dos produtos de couro de peixe em todo o Brasil e em outros países.
Conforme o empresário, os couros de tilápia já são facilmente encontrados no mercado e, assim, a indústria pode se expandir livremente. No caso de peixes da Amazônia, ele registra que ainda há dificuldade de fornecedores para grandes volumes. “Entretanto, este gargalo pode ser resolvido com a expansão dos criatórios de pirarucu, por exemplo,” afirma. As possibilidades de aplicação, lembra, são enormes, e incluem tapetes e mesmo roupas. A indústria deste tipo de moda vai unir deste pescadores em regiões remotas da Amazônia a produtores de moda em grandes centros urbanos.
A abertura da 1ª Exposição de Artigos Confeccionados com Couro de Peixes Brasileiros contou com uma plateia seleta de autoridades, público e produtores. Além do presidente da Codevasf, Elmo Vaz. – que também saudou os presentes -, compareceram, entre outros, a chefe de gabinete da Codevasf, Maria Auxiliadora Cavalcante, o secretário-executivo do MPA, Átila Maia, e a chefe de gabinete Margareth Cabral. Compareceram ainda representantes internacionais, como os embaixadores Nasrullah Khan (Paquistão), Eva G. Betita (Filipinas) e Khalid Aljarad (Omã). Também marcaram presença Juliette hien, Primeira Secretária da Embaixada de Burkina Faso e Raphael Mensah, Ministro Conselheiro da Embaixada de Benin.
Fonte: http://www.mpa.gov.br