A artesã Joana Ferreira, de Corumbá (MS), ainda não conseguiu fazer dos artesanatos em couro da tilápia uma atividade rentável o suficiente para o sustento da família. Mesmo assim, ela não pensa em desistir do projeto iniciado pela Colônia de Pescadores Z-1, que passou a aproveitar o material que era descartado depois da filetagem do pescado. Na última quarta-feira (5), a Associação de Mulheres Organizadas Reciclando o Peixe – Amor Peixe, fundada em 2003, com a ajuda de Joana, foi uma das participantes da 1ª Exposição de Artigos Confeccionados com Couro de Peixes Brasileiros. O evento, realizado em Brasília, pelo Ministério da Pesca e Aquicultura e pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales dos rios São Francisco e Paranaíba, trouxe um novo ânimo para a artesã e para os demais participantes, ao apresentar, no centro do poder no país, que nada mais se perde do pescado nacional.
“Apesar de ser um produto feito a mão e extremamente trabalhado, ainda há pouco mercado e um evento como este é muito importante para nós” declarou a artesã. Atualmente, doze mulheres trabalham na produção da Amor Peixe. “Aproveitando o couro de peixes como tilápia, pirarucu e piau, com idéias simples e dedicação, elas realizam trabalhos surpreendentes dando total aproveitamento para o que antes era jogado fora. São produtos que respeitam o meio ambiente e contribuem para inclusão social de famílias que vivem do artesanato”, acrescentou Joana.
O resultado da feira também agradou a Associação de Artesãos em Couro de Tilápia, que surgiu em 2007 no sertão alagoano. Formada basicamente por mulheres, a entidade criou a marca Estação Cangaço, que produz peças únicas e inspiradas no sertão. Maria do Socorro Caraciolo, representante da associação no evento, diz que “já foram feitas propostas de empresas e grifes para produção de alta escala, que com a melhoria da infraestrutura pode vir a acontecer nos próximos anos”. “Se houver demanda temos como corresponder. O mundo das bio-joias é vasto. Existem inúmeras possibilidades de criação”, completou Mauro Gallissa que representou a marca Amazônia e Cia no evento. O grupo aproveita as escamas de peixes amazônicos para produzir colares e pulseiras.
Indústria calçadista
As grandes indústrias de calçados e couros do Brasil, de outro lado, já estão apostando no pescado. Aliando tecnologia e design, a Péltica Indústria de Couros apresentou a matéria-prima já beneficiada para produtores de vestuários femininos, revestimentos para moveis, paredes, lustres, tapetes e mantas. “Nós revendemos matéria prima para que seja criado o produto final” relatou o empresário Marcelo Frozza. Apesar de utilizar a tecnologia bio-leather no processo de curtição do couro, o manejo de produção é convencional e todo feito no interior da empresa, que fica em Estância Velha a 45 km de Porto Alegre (RS). Em destaque no segmento e na exposição, a By Filip trabalha há dois anos com o couro de peixe visando um mercado mais seleto e requintado, que está sempre em busca de novidades. “No exterior a procura é maior. Por isso, a produção é destinada aos países de fora, que nos receberam muito bem e valorizaram nossos produtos”, disse a empresária Lozia Filip.
Fonte: http://www.mpa.gov.br