Pesquisadores estão usando muita tecnologia para proteger um peixe dos rios da Serra da Bodoquena, no Pantanal.
O encontro com o rei é surpreendente. “Uns dourados desse tamanho, negócio magnífico”, comenta o bancário Ramon Alves Piedade.
Cara de mal, carnívoro, um predador cobiçado e misterioso. Na Serra da Bodoquena, os refúgios cristalinos são berçários naturais com mais de 90 espécies de peixes. Os rios desaguam no Pantanal. Conhecer o deslocamento do Dourado é o primeiro passo para proteger a espécie. A marcação é para saber como é essa ligação de um ambiente com o outro.
“Entender onde vivem esses peixes, em que época do ano eles estão mais para a região das cabeceiras, mais para a planície e associar isso a ciclos reprodutivos. Para ver o deslocamento, onde eles vivem em determinadas épocas do ano e associar isso a programas de conservação”, aponta José Sabino, biólogo.
Os pesquisadores têm uma licença especial para essa captura. Na caixa água com óleo de cravo, um anestésico natural. O peixe é medido e pesado.
O centro cirúrgico é na margem do rio mesmo. O transmissor vem revestido com uma resina biocompatível, protege o peixe de infecções.
Os pesquisadores não podem demorar muito, porque o peixe não resiste tanto tempo fora da água. Enquanto a cirurgia é feita, ele continua recebendo água com uma menor concentração de anestésico e também água pura. Aos poucos eles vão despertando e serão devolvidos ao rio.
A recuperação é feita dentro da água. Meio grogue, ele desperta. O fio na barriga é a antena e emite sinais de rádio.
“Essa marca emite um sinal a cada 5 segundos e nós conseguimos captar o sinal desse peixe, que é codificado, a gente sabe qual indivíduo está ali, naquele momento”, Lisiane Hahn, bióloga.
O monitoramento também é feito de barco. Uma pesquisa semelhante na fronteira com o Uruguai acompanhou peixes por mais de 700 quilômetros a partir do ponto da marcação. Agora esse caminho do Dourado será feito até o Pantanal.
Fonte: http://g1.globo.com