Aliar a diversidade de peixes da bacia amazônica com a experiência bem sucedida do Chile, na exportação de pescado, deve levar a mais uma parceria comercial entre o país vizinho e o Brasil. Após investir US$ 140 milhões de dólares (o equivalente a R$ 322 milhões de reais) no setor de duas rodas brasileiro e começar a produção de motocicletas no Polo Industrial de Manaus, os investidores chilenos voltaram seus olhos à atividade de piscicultura, onde as conversas preliminares já começaram.
Segundo o embaixador do Chile, Fernando Schmidt, os dados sobre a futura parceria ainda são incipientes. Por isso, segundo ele, ainda é prematuro falar algo mais substancial sobre ela, bem como antecipar algum valor sobre eventuais investimentos.
Ele, contudo, adiantou que já existe uma conversa prévia sobre o interesse dos chilenos. Schmidt informou que está acontecendo uma discussão com o Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA) para levantar a situação dos estudos sobre a questão, onde estão sendo identificados dados completos sobre o assunto.
“Também estamos em contato com uma fundação do Chile, que tem know how para implementar a parceria”, disse Schmidt.
Na opinião do embaixador, o qual conversou com DINHEIRO na quinta-feira, antes da inauguração da nova fábrica da Bramont, o ambiente para a atividade de piscicultura é forte no Amazonas por haver na região a maior reserva de água doce do planeta e ter uma ampla diversidade de peixes.
“Além de tudo isso, nós (os chilenos) temos experiências positivas nessa área. Tudo isso leva a uma parceria natural”, afirmou o embaixador Fernando Schmidt, demonstrando visível otimismo com a possível investida do Chile na piscicultura no Amazonas.
Reserva
A propósito, o interesse manifestado pelos chilenos em investir nesse segmento no Amazonas foi avaliado como “extremamente positivo” por Rigoberto Pontes, engenheiro-chefe do Departamento de Produtos de Pesca da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS).
Rigoberto lembrou que os estados vizinho de Roraima e Rondônia têm uma piscicultura muito mais avançada do que a amazonense, e que a investida aqui dos chilenos ajudaria a mudar essa situação.
“Eles aportarão não apenas recursos financeiros, mas também tecnologia. E isso é importante, porque hoje, embora tenhamos condições naturais favoráveis, a nossa piscicultura precisa muito ainda se desenvolver”, disse Rigoberto, acrescentando que o forte do Amazonas tem sido a pesca extrativa, mas esta, por conta das legislações, fica cada vez mais rigorosas e da baixa nos estoques naturais, tende a cair. “Daí a importância do desenvolvimento da piscicultura e nós, da ADS, desde já, nos colocamos à disposição para dialogarmos com os chilenos sobre esse setor no Amazonas”, afirmou.
Fonte: http://acritica.uol.com.br/