Um dos maiores estados brasileiros em extensão territorial e servido por três grandes bacias hidrográficas, Mato Grosso se prepara para ter um papel de liderança na produção de pescado no Brasil, através da aquicultura.
Na próxima terça-feira (29), o estado – que já dispensou, no ano passado, o licenciamento ambiental para projetos de piscicultura de pequeno porte – inaugura, com a presença dos ministros Eduardo Lopes, da Pesca e Aquicultura, e Neri Geller, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a maior planta frigorífica de peixes nativos do Brasil, no distrito de Primavera do Norte, município de Sorriso, a cerca de 400 Km da capital Cuiabá.
A planta industrial, da empresa Delicious Fish, contará com 4.800 m2 de área coberta e terá capacidade para beneficiar 40 toneladas de peixes a cada turno de oito horas.
A empresa, que se dedica à produção e comercialização de pescado, possui uma linha diversificada de produtos congelados in natura e empanado, comercializados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e no Pará (Santarém) . O complexo produtivo da empresa, em Sorriso, inclui uma indústria de rações e um laboratório para melhoramento genético e produção de alevinos.
Potencial
Segundo João Pedro da Silva, diretor geral da Delicious Fish, a empresa, que integra o grupo Gaspar, pretende tornar o município de Sorriso o epicentro mundial da produção de peixes nativos, merecendo o mesmo destaque hoje obtido com a produção de soja, uma das principais commodities agrícolas do País.
Esta confiança se deve a existência de muita água em Sorriso, bem como matéria prima (soja e milho) farta para a produção de ração, responsável por 70% dos custos de produção na piscicultura. A proposta é produzir peixes amazônicos, como cachara, pintado, tambaqui e pirarucu. “Pretendemos transformar proteína vegetal em animal”, diz João Pedro.
De acordo com a empresa Genetic Fish, estabelecida em Sorriso e considerada uma das principais do mundo em melhoramento genético de peixes para cultivo, 100% da ração para tambaqui pode ser de origem vegetal, e este percentual cai para apenas 80% no caso de espécies como pintado e pirarucu.
Aumento de produção
O grande frigorífico que está sendo inaugurado em Sorriso faz parte da estratégia empresarial da Delicious Fish, para garantir produtos de qualidade e aumentar dezenas de vezes a atual produção de pescado no município.
Hoje, a empresa conta, nas imediações da planta de beneficiamento, com 400 hectares de lâmina d’água, em viveiros escavados, capazes de produzir 4 milhões de quilos de pescado por ano, ou seja, 10 toneladas por hectare. Também dispõe de 6 hectares de lâmina d’água em sistema de produção “raceway”, com altas trocas de água e densidades dos peixes. Neste caso, a produção se eleva para nada menos do que 200 mil quilos por hectare. Assim, ao todo, a capacidade de produção da Delicious Fish é da ordem de cinco milhões e 200 mil quilos de pescado por ano.
A produção anual de pescado em Sorriso, porém, pode crescer em 200 milhões de quilos, em um prazo de poucos anos. Para tanto, a Delicious Fish desenvolve um projeto de parceria integrada com aproximadamente 100 produtores do município, que receberão alevinos e ração da empresa. A assistência técnica será dada pela parceira Genetic Fish. Assim, o município tem tudo para se tornar uma referência mundial na área de pescado, como agora já é em soja.
Todo o estado de Mato Grosso, porém, tem condições de produzir muito peixe. Água, além de espécies de interesse comercial, é o que não falta. São três bacias: Amazônica, do Paraguai e a do Araguaia-Tocantins. O estado é um dos líderes brasileiros em produção de grãos.
Devido a essas características, a piscicultura desponta como uma das atividades econômicas mais promissoras do agronegócio de Mato Grosso, inclusive pelo seu bom retorno financeiro em relação à pecuária bovina.
Atualmente já existem quase 2 mil piscicultores do estado registrados no Ministério da Pesca e Aquicultura. E esse número aumenta em ritmo veloz, com as facilidades oferecidas para a expansão da produção, como a simplificação na área ambiental , o apoio das Prefeituras e o crédito mais barato, através do Plano Safra da Pesca e Aquicultura.
A simplificação ocorreu com a lei estadual nº 9.933, de 07 de junho de 2013. Os piscicultores de pequeno porte foram dispensados de licenciamento ambiental. Eles precisam, entretanto, se inscrever no cadastro de exploração e criação de peixe do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea).
Com menos amarras e mais incentivo, o estado encontra assim espaço para colocar o peixe entre as principais atividades do agronegócio mato-grossense.
Fonte Texto: http://www.mpa.gov.br
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