Água salobra é usada para produzir peixe

Água salobra é usada para produzir peixe
Técnicos da Embrapa fazem despesca

Poder ter uma produção em época de seca é um sonho de quem vive de agricultura no semiárido. Já existe conhecimento para isso, mas ainda alcança uma pequena parcela dos agricultores.

A Embrapa Semiárido desenvolveu uma sistema que permite algumas produções com águas subterrâneas, fartamente encontradas no semiárido, mas geralmente salinas ou salobras, ou seja, impróprias para o consumo.

O pesquisador na área de produção animal da unidade, Gherman Araújo, explica que isso é possível utilizando-a em culturas e com animais que suportam esse teor de salinidade. A água pode ser aproveitada, por exemplo, em criatórios de peixes e para cultivar algumas espécies forrageiras.

O pesquisador afirma que, em um ano, é possível produzir cerca de 650 kg de peixe por tanque e quase dez toneladas de forragem em um hectare, incrementando a produção familiar.

“Peixes, camarões, caprinos, ovinos, animais ruminantes de modo geral consomem esse tipo de água”, explica.

A pesquisa, que conta com uma equipe de mais de dez profissionais da Embrapa, além da colaboração de algumas universidades nordestinas, continua buscando outras espécies de peixes e de plantas tolerantes ou resistentes à salinidade.

“Até o momento o que se busca é armazenar água em cisterna e, agora, queremos fazer uso dessa água subterrânea salina. Estamos lutando para divulgar isso, para que as pessoas avaliem. Acreditamos piamente nessa ideia”, afirma o pesquisador, que critica a falta de incentivo e de políticas públicas para a ampla difusão de alternativas à escassez hídrica.

No entanto, Araújo frisa que esse sistema não pode substituir o convencional, devendo ser usado sazonalmente, quando não houver chuvas. E sob supervisão técnica, para controlar o nível de sais do solo. Assim que estiver em desequilíbrio, é preciso fazer a rotação.

Água potável

Esse tipo de produção surgiu como uma forma de aproveitar os rejeitos dos dessalinizadores, tecnologia que permite a obtenção de água potável a partir da salina. Os rejeitos apresentam alta concentração de sais.

O dessalinizador, entretanto, não é uma tecnologia acessível aos produtores familiares, com custo médio de R$ 25 mil.

Ambas as soluções são difundidas pelo Programa Água Doce (PAD), do governo federal, em comunidades rurais do semiárido, desde 2004. A Bahia é o maior conveniado desse projeto, apesar de estar participando dele há apenas três anos.

Conforme a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) da Bahia, até o final de 2015 o PAD deve implantar 385 sistemas de dessalinização em 41 municípios, que devem beneficiar 160 mil pessoas, somando um investimento de R$ 61 milhões.

O secretário, Eduardo Spengler, diz que o programa está ainda na primeira fase na Bahia, mas que, gradativamente, diferentes regiões do estado serão atendidas, ampliando a cobertura do Programa Água para Todos.

Fonte: http://atarde.uol.com.br