Nova fase abre cada vez mais caminhos para outros produtos aquícolas e pesqueiros
Os discursos do peixe como proteína do futuro e o Brasil como um dos principais fornecedores mundiais do produto ganharam corpo nos últimos anos. É evidente que o País cada vez mais consolida a posição no rol de alternativas para alimentar os 9,7 bilhões de pessoas que seremos em 2050, principalmente em razão do rápido crescimento da aquicultura. Avanços tecnológicos, institucionais, científicos e crescentes investimentos do exterior subsidiam a nova fase exportadora da tilapicultura brasileira, que abre cada vez mais caminhos para outros produtos aquícolas e pesqueiros – destaque na reportagem de capa da Seafood Brasil #43.
“A piscicultura passa nesse momento por um processo de evolução numa velocidade muito mais rápida do que aconteceu com as outras proteínas de origem animal, principalmente aves, suínos e ovos. Esse processo acontece por conta da paralisação do segmento no Brasil durante décadas e as oportunidades surgiram muito rapidamente. Ou seja, é tudo muito recente”, conta o diretor-presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros.
Institucional destravado
A regularização da criação em águas públicas, aparece entre as principais demandas do setor. A coordenadora-geral de aquicultura em Águas da União da Secretária de Aquicultura e Pesca (SAP) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Juliana Lopes da Silva, ressalta que entre os anos de 2019 e 2021, a gestão da SAP trabalhou para adequar ações que viabilizem o desenvolvimento sustentável da atividade em Águas da União para “dar segurança jurídica para o setor produtivo, gerando emprego e renda”, fala.
Tilápia como protagonista
Neste momento de ebulição da aquicultura nacional, a estrela da atividade é sem dúvidas a tilápia. A PeixeBR calcula uma produção de 534.005 toneladas em 2021, 63,5% do total – proporção muito próxima à apurada pelo IBGE um ano antes, de 62,3% do total.
Embora o apetite do mercado interno continue mais acentuado que o ritmo de crescimento da tilapicultura, as empresas mais estruturadas fincaram o pé no comércio global, com despachos regulares de produto a mercados tradicionais, como os Estados Unidos, mas também a países africanos, como a Líbia – que saiu do 0 em 2021, para 47 toneladas no primeiro trimestre de 2022.
Os dados constam nos relatórios preparados pelo Painel do Pescado (acesse aqui). A tilápia brasileira chegou a 44 países até março deste ano. Só aos Estados Unidos, foram despachadas 1.562,49 toneladas de tilápia um aumento de 353,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
O perfil de vendas ao exterior também vem mudando: a exportação aos EUA cresceu principalmente na forma de peixes inteiros congelados: 716,7% mais ante os 3 primeiros meses de 2020, para 1.142 toneladas. A receita com tilápias inteiras congeladas chegou a US$ 3,036 milhões, aumento de 1037,7% sobre 2021.
Fonte: https://www.seafoodbrasil.com.br/