Referência no país nas áreas de pesca, aquicultura e limnologia, publicação foca agora na internacionalização
Uma das mais conceituadas publicações científicas brasileiras voltadas ao estudo dos ambientes aquáticos e as atividades econômicas neles desenvolvidas, o Boletim do Instituto de Pesca (BIP) completa, em janeiro de 2021, 50 anos de existência. Mantido pelo Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o Boletim publicou, desde 1971, 46 volumes, num total de 117 fascículos e 1331 artigos científicos, frutos da pesquisa nas áreas de pesca, aquicultura e limnologia. Com uma nova gestão, a publicação vem se modernizando em busca de alcançar novos públicos e aumentar sua visibilidade internacional.
“O Boletim é uma das revistas mais tradicionais na área de recursos pesqueiros. No Brasil, só uma publicação é mais antiga”, diz Helenice Barros, pesquisadora do IP e atual editora assistente do BIP. Helenice, que foi também editora-chefe da revista entre 2009 e 2014, acredita que a história do Boletim se confunde, no país, com a da própria produção aquícola. “Quando a aquicultura começou a ganhar corpo no Brasil, no começo da década de 90, nossa revista foi pioneira em trabalhar com o tema, contribuindo com o aumento do interesse pelo assunto”, afirma. A partir daí, narra a pesquisadora, outras revistas passaram a inserir a temática em suas publicações e surgiram periódicos especializados. “Acredito que podemos dizer que o BIP e a aquicultura no Brasil sempre cresceram juntos!”, ressalta Helenice.
A pesquisadora do IP relata que o Boletim nasceu como uma revista “da casa”, para que os pesquisadores do próprio Instituto divulgassem seus trabalhos. Com o crescimento e uma maior divulgação, o público externo começou a também querer publicar no periódico. “Especialistas de outras instituições que trabalhavam com peixes, crustáceos, qualidade de água, entre outros temas começaram a nos procurar”, relembra.
Para a atual editora-chefe, a pesquisadora do IP Fabiana Garcia, esse foi o começo do fortalecimento e da consolidação da revista no cenário nacional. “A área de pesca, que é muito forte no Boletim, conta com muitos artigos publicados vindos de Norte a Sul do Brasil, em campos como biologia e estatística pesqueiras”, exemplifica Fabiana. A pesquisadora enfatiza que, hoje, a maior parte dos artigos é publicada por autores de fora do IP. “Um dado importante: a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) nos informou que o BIP é a revista mais citada por pesquisadores brasileiros dentro da área de recursos pesqueiros – até mais que as internacionais”, acrescenta.
Um longo caminho percorrido; uma grande jornada à frente
Para Fabiana e Helenice, o Boletim tem conseguido muitos avanços, principalmente desde a última década. No entanto, a rapidez e dinamismo do funcionamento da ciência mundial exigem versatilidade e resiliência constantes, constituindo um desafio para as publicações científicas que buscam seu espaço. Segundo as editoras, o primeiro passo na modernização da publicação foi disponibilizar todo o conteúdo da revista na internet, com acesso grátis (Open Access). “Desde o primeiro volume, que, na época, continha apenas um artigo, nós digitalizamos e agora temos toda a coleção disponível online”, pontua Helenice. Segundo informa, em 2009, a revista passou a ser publicada em formato virtual, além do impresso, tornando-se exclusivamente online em 2014. “Em 2016, conseguimos o DOI (Digital Object Identifier), o número identificador que permite que os artigos de uma publicação sejam encontrados nas bases especializadas”, detalha Helenice, reforçando que essa foi uma conquista fundamental. Para ela, todos esses avanços permitiram que o BIP esteja hoje indexado em muitas das mais importantes bases de dados a nível internacional, como Scopus e Web of Science. “O Boletim começou a se internacionalizar nessa época e isso passou a conferir maior visibilidade no exterior. No entanto, como essas mudanças são recentes, estamos ainda conquistando nosso espaço no cenário internacional”, pondera.
À frente da nova gestão do periódico desde 2019, Fabiana diz que tem como meta o foco total na internacionalização. “Nessa gestão, estamos adotando a plataforma OJS (Open Journal System) para submissão de artigos, onde todo o trâmite é feito online”, cita a pesquisadora do IP. Conforme explica, a adoção do sistema dá maior celeridade ao processo e permite que todo o procedimento seja feito em inglês. “Essa inovação vai ajudar os autores estrangeiros a submeterem seus trabalhos e permitirá que revisores estrangeiros sejam incluídos na análise dos artigos”, defende a atual editora-chefe.
Outra inovação importante da nova gestão, comenta Helenice, é que pesquisadores de fora do IP foram chamados pela primeira vez para compor o comitê editorial do BIP. “Cada um deles vem de uma região geográfica do Brasil, o que traz uma maior abrangência, novas ideias e mais visibilidade”, diz a atual editora-assistente.
A próxima etapa, planejam as pesquisadoras, é trazer editores estrangeiros para atuarem de forma mais efetiva no comitê. De acordo com Fabiana, esse é um passo essencial que contribui para uma melhor avaliação da revista pelas bases indexadoras internacionais. “Trazendo-os, acreditamos também que possam ajudar a divulgar a revista fora do Brasil”, avalia.
Fabiana e Helenice concluem dizendo que o intuito é atrair cada vez mais interessados em publicar artigos nas revistas e reiteram a qualidade do processo editorial. As editoras sublinham que, recentemente, foi aprovada uma redução nas taxas de publicação, como incentivo para os pesquisadores da área, estudantes de pós-graduação e demais especialistas submeterem seus trabalhos ao Boletim. Todas as informações para envio e os detalhes do processo de submissão podem ser consultados no Guia de Autores, no site do BIP.
Tradição e qualidade caracterizam periódicos científicos da Secretaria de Agricultura
O Boletim do Instituto de Pesca não é a única publicação científica editada pela Secretaria de Agricultura. Outros Institutos de Pesquisa ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Pasta, mantêm publicações próprias, de reconhecida qualidade junto à comunidade científica no campo das ciências agrárias. O Instituto Biológico (IB-APTA) edita, desde 1928, o periódico Arquivos do Instituto Biológico (AIB). Já em 1941, surgem a revista Bragantia, do Instituto Agronômico (IAC-APTA), e o Boletim da Indústria Animal (BIA), mantido pelo Instituto de Zootecnia (IZ-APTA). Com a primeira edição publicada em 1998, a lista traz ainda o Brazilian Journal of Food Technology, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA). Por sua vez, o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) mantém publicações voltadas a temas econômicos relativos ao agro, como a Revista de Economia Agrícola.
Fonte: https://www.pesca.agricultura.sp.gov.br/