A Noruega está de olho na expansão aquícola do Brasil. O país que mais fatura com a atividade no mundo quer vender produtos, serviços e desenvolver cooperação com os brasileiros para pesquisa científica aplicada ao desenvolvimento de alta tecnologia. Esta foi a mensagem propagada durante o I Norwegian-Brazilian Aquaculture Summit, realizado nos dias 07 e 08 de novembro em São Paulo (SP).
Organizado pela Innovation Norway em parceria com entidades com a PeixeBR, Aquabio e Embrapa Pesca e Aquicultura, o evento reuniu mais de 100 autoridades, empresários, cientistas, fornecedores e investidores noruegueses e brasileiros para discutir como incrementar as relações bilaterais em prol do desenvolvimento aquícola brasileiro.
O setor é a próxima fronteira a ser explorada pelos escandinavos, que já atuam no Brasil em várias frentes desde que o primeiro navio norueguês desembarcou com bacalhau no Rio de Janeiro 175 anos atrás. Hoje, a Noruega já é o oitavo maior investidor no Brasil, com empresas como a Yara – a maior indústria de fertilizantes do País -, e forte participação da Statoil em empreendimentos de petróleo e gás.
“Os noruegueses não estão aqui para ensinar a criar peixe no Brasil, os melhores experts são os brasileiros, mas temos algumas experiências que podemos compartilhar e já cometemos muitos erros com a indústria do salmão”, disse na abertura do evento o cônsul comercial e diretor da Innovation Norway no Brasil, Stein-Gunnar Bondevik.
A aquicultura norueguesa, toda focada no salmão Atlântico, gera volume de exportação de quase R$ 30 bilhões com cerca de 1 milhão de toneladas produzidas anualmente. “A chave do sucesso foi uma parceria forte entre o governo (licenças, comando e controle), pesquisa (soluções para diversos obstáculos no caminho) e setor privado (foi e é criativa em desenvolver soluções”, opina o embaixador da Noruega, Nils Gunneng.
Gunneng disse que o Brasil pode se tornar uma superpotência no Brasil na aquicultura, produzindo 4 milhões de toneladas de pescado e fez uma comparação simpática aos brasileiros. “Os brasileiros estão muito a frente no que diz respeito ao cultivo da tilápia, assim como estamos no salmão.”
Os noruegueses acreditam que o foco na tilapicultura é o caminho para chegar lá. Para Bondevik, uma espécie única pode incrementar os esforços em pesquisa, desenvolvimento de soluções e arcabouço legal. “A tilápia já é um mercado estabelecido globalmente e o Brasil têm condições de se tornar o maior fornecedor mundial da espécie.”
Mario Sergio Cutait, diretor do Departamento de Agronegócios da Fiesp (Deagro/Fiesp) concordou e disse não ter dúvidas de que teremos um patamar similar ao que alcançamos com as outras proteínas animais no comércio internacional de pescado. “Se tivermos a cultura de exportação, certamente exportaremos tilápia para a China. Eles fecharam mais de 3 mil indústrias químicas e mais de 1 centena de granjas de suínos por causa de poluição. Eles não têm como produzir mais comida.”
Fonte: http://seafoodbrasil.com.br