Como criar carpa prateada

Espécie que pode ser manejada em lagos, açudes ou viveiros, tem excelente desempenho em policultivo, reduzindo os custos de criação

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Entre as espécies de carpas de origem chinesa,que se destacam no cultivo em cativeiro, a carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix) dá ao criador opções de lucrar com a produção destinada aos segmentos de consumo alimentar, para ornamentação ou fornecimento para pesque-e-pagues. Se o mercado local permitir, o produtor também pode se dedicar às três atividades, ampliando assim as possibilidades de comercializar a criação.

De sabor suave, principalmente quando oriunda de águas limpas, a carne da carpa prateada é consumida desde a Antiguidade. Tem ainda a beleza comum das carpas, que são apreciadas para povoar espelhos d’água de jardins de estabelecimentos públicos e privados, e a resistência esperada de peixes utilizados na prática da pesca esportiva.

No sistema de policultivo, alternativa que favorece a redução de custos na piscicultura, a carpa prateada tem a vantagem de apresentar boa adaptação. Aliás, nessa modalidade de cultivo, ela contribui para a melhora da qualidade da água para o desenvolvimento de seus pares. Ao se alimentar de microalgas esverdeadas (fitoplâncton), utilizando um aparelho de filtragem especial instalado em seus arcos branquiais, a carpa prateada retira do ambiente os vegetais que, em excesso, podem reduzir o oxigênio da água e causar asfixia e morte de outros peixes. Dada a capacidade de filtrar o ambiente aquático, a carpa prateada também é útil em lagoas de tratamento de água, de efluentes domésticos e de resíduos da suinocultura.

Apesar de delicada ao ser manejada, a carpa prateada pode ser criada em açudes, barragens de rios e tanques escavados, dependendo da preferência e da disponibilidade de investimento do empreendedor. Em baixa densidade populacional em sistemas extensivos com a presença de microalgas, nem é necessário usar ração para a engorda. Mas se for escolhido o semi-intensivo, alimentos artificiais fornecidos nesse sistema mais caro devem ser reduzidos a farelo ou pó, pois a estrutura filtrante da carpa prateada impede que ela se alimente de pedaços grandes de ração.

Pertencente à família Cyprinidae, a espécie originária de grandes rios da China tem crescimento rápido e ótimo desempenho em ganho de peso. Um exemplar de 500 gramas pode aumentar 10 gramas ou mais por dia. Em um ano de vida, a carpa prateada consegue atingir de 1 a 2 quilos e, ao longo de sua existência, pode até saltar para 50 quilos. Em condições adequadas de manejo, vive entre 30 e 40 anos, com chance de chegar aos 60 anos de idade segundo registro de alguns casos isolados.

Mãos a obra

>>> Início Como os alevinos de carpa prateada registram índice de mortalidade maior em relação às outras carpas chinesas, recomenda-se comprar juvenis da espécie com 8 a 10 centímetros de comprimento. Para começar, adquira três milheiros de piscicultores idôneos ou que tenham referências. Também é indicado preparar um projeto de implantação sob orientação técnica.

>>> Ambiente A carpa prateada gosta de água pouco profunda e com boa quantidade de fitoplâncton. Além de limpa, a água do viveiro deve manter temperatura média de 24ºC, pH entre 6 e 8 e transparência de 30 centímetros. A quantidade de água disponível na propriedade e a topografia do terreno determinam a dimensão e a quantidade de viveiros.

>>> Sistemas O extensivo tem a vantagem de realizar o policultivo com espécies como camarões de água doce, pacu, tambaqui, e outras carpas (capim, cabeça grande e húngara). O povoamento deve ser feito em baixa densidade, com um exemplar a cada 5 metros quadrados. Traz economia com alimentação, uma vez que as carpas comem algas existentes no viveiro sem precisar de ração para se desenvolver. No semi-intensivo, a produtividade é superior, com densidade de estocagem de um peixe por metro quadrado. Mas o investimento, porém, é mais alto. Já que o alimento industrializado é necessário, exige-se capital de giro elevado.

>>> Estrutura Recomenda-se que os viveiros ou açudes tenham profundidade de 1 a 2 metros, sejam escavados na terra e possuam sistema de drenagem total da água com controle do seu fluxo (monge ou cachimbo). Para amenizar o gosto de barro na carne de carpa criada em açude, use um tanque de alvenaria ou caixas com água limpa corrente para manter os peixes por três a sete dias em depuração.

>>> Água Pode ser captada de um riacho por estruturas simples e que apresentem baixo impacto ambiental em área de mata à margem do curso d’água. O criador deve procurar saber em órgão estadual as exigências para o licenciamento da atividade.

>>> Ração Necessária nos sistemas semi-intensivo, devem ter seu fornecimento incrementado nos meses da primavera e outono, quando as temperaturas amenas influenciam o aumento do apetite da carpa. Alimente os peixes com a versão comercial que apresente 24% a 28% de proteína bruta.

>>> Reprodução Em geral, o macho atinge maturidade sexual aos dois anos de idade, enquanto as fêmeas aos três. Em seu habitat natural, a carpa procria uma vez no ano, entre o fim do inverno e o começo da primavera. Em cativeiro, no entanto, é necessária a indução hormonal realizada com a hipófise da carpa (hipofização). A técnica deve ser executada por profissionais experientes e em laboratório de reprodução induzida.

Raio X

Criação mínima: 3 milheiros

Retorno: entre o segundo e o terceiro ano no sistema semi-intensivo, quando os peixes conseguem atingir tamanho comercial com 1 ano de idade

Reprodução: processo induzido realizado em laboratórios RAIO

Onde adquirir: com piscicultores espalhados pelo país, como Molina Alevinos, Mirassol (SP), molinaalevinos@gmail.com

Mais informações: o Instituto de Pesca oferece orientação técnica qualificada, www.pesca.sp.gov.br

*Nilton Rojas é pequisador científico do Instituto de Pesca, Caixa Postal 1052, CEP 15025-970, São José do Rio Preto, São Paulo, niltonrojas@pesca.sp.gov.br

Fonte: http://revistagloborural.globo.com