Produção de alevinos
Como é possível criar peixes e expandir a produção sem quantidade suficiente de alevinos para atender a demanda?
“É a mesma coisa que não ter sementes para a atividade agrícola”, compara Martinho Colpani.
Ele conta que no início da década de 90, a oferta de alevinos estava restrita a centros de pesquisa, o que não atendia a necessidade de novos projetos de piscicultura.
Por isso, a empresa de Piscicultura Colpani incluiu entre as suas atividades a produção de alevinos de diversas espécies que são fornecidos atualmente para diversos Estados, como Amazonas, Rondônia, Tocantins, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, além de São Paulo.
A Colpani Piscicultura comercializava inclusive alevinos de matrinxã para o Amazonas, que é um peixe nativo daquela região, bastante explorado inclusive pelo extrativismo.
O diretor do Grupo Águas Claras observa que a criação de peixes exige produção em escala para que a atividade se torne economicamente sustentável. A tilápia é a espécie que apresenta atualmente melhor adaptação para a criação de alevinos em tanques, pois houve o desenvolvimento de todo um sistema de produção para essa finalidade.
Ele conta que foi adotado no Brasil, na década de 90, a técnica de reversão sexual – para a obtenção de tilápias monossexo macho -, evitando assim a elevada reprodução, que é característica dessa espécie, e a intensa competição por alimento, o que resulta em um crescimento insatisfatório para a atividade econômica.
Além da tilápia, outro peixe produzido em escala pela empresa de Mococa o pintado da Amazônia, que é
resultado do cruzamento entre o pintado e o jundiá da Amazônia, segundo Martinho Colpani.
Entre as característica desse hibrido se destaca a aceitação de ração de baixo teor de proteína, em torno de 28%, enquanto o pintado tradicional exige teor entre 45% a 50%.
De acordo com o diretor da empresa a escolha de uma espécie para produção em escala deve levar em consideração alguns critérios, como desempenho zootécnico, exigência de alimentação, potencial de mercado.
A atividade de criação requer também profissionalismo e conhecimentos técnicos específicos. O Grupo Águas Claras, que possui especialistas em diversas áreas (agronomia, veterinária, administração de empresas, entre outras), desenvolve trabalhos de melhoramento genético e faz a aplicação de modernas técnicas de manejo.
Martinho Colpani destaca que existe hoje um “mercado escancarado” para a piscicultura.
“O Brasil importou mais de 1 bilhão de dólares de pescado em 2011”, observa. Segundo ele, o país tem grande disponibilidade de água para a criação de peixes, além de ser grande produtor de soja e milho que são utilizados na ração. “São Paulo tem grande potencial para o crescimento da piscicultura, pois possui a maior renda per capita brasileira e o mais avançado parque aquícola em hidrelétricas”, afirma.
Fonte: Revista Panorama Rural