O ensaio do grupo GTFoods, com sede em Maringá (PR), que atua no setor avícola, para entrar no mercado de tilápias vem de alguns anos. Pois chegou a hora. O grupo assumiu uma operação de abate de tilápias no município de Mandaguaçu (PR) e os trabalhos de adequação estão em marcha para colocar o peixe no mercado consumidor.
Com o investimento, a companhia espera elevar sua receita a R$ 5,5 bilhões até 2025. Nos últimos três anos, o crescimento da companhia foi de 65%. No ano passado, faturou R$ 3,3 bilhões.
“Minha gestão, nesse período, tem sido muito voltada para a ampliação e geração de novos negócios, e o mercado de pescados se apresentou como uma ótima oportunidade, principalmente pela sua desenvoltura de uns anos para cá”, diz Rafael Tortola, sócio e presidente da companhia. “Anos atrás, o setor tinha uma movimentação tímida e números pouco expressivos. Hoje, tem potencial para ser, junto com a indústria do frango, uma das grandes cadeias produtivas do País”, afirma Vinicius Demori Gonçalves, vice-presidente executivo e também sócio da GTFoods.
Em 2021, o setor movimentou R$ 8 bilhões. De acordo com a PeixeBR (Associação Brasileira da Piscicultura), o País produziu 534.005 toneladas do peixe, um crescimento de 9,8% ante 2020. Desse total, a criação de tilápia já representa 63,5% dos peixes de cultivo no país.
A linha de pescados da GTFoods faz parte da área de novos negócios do grupo, que hoje representa 15% da receita anual, o equivalente a cerca de R$ 500 milhões. A ideia de entrar no setor de pescados vem de, pelo menos, 2015, quando os sócios começaram a falar publicamente sobre o assunto.
Para viabilizar o projeto, a GTfoods planeja investir R$ 1 bilhão na ampliação do abatedouro recém-comprado, em novas instalações, aquisição de maquinários e na expansão da distribuição dos produtos.
A região norte, onde se localiza o frigorífico Sol Nascente, comprado pela GTFoods, é uma das principais produtoras de peixe do estado. São 65 municípios onde predominam os tanques-rede nas águas do Paranapanema, um rio limpo e potável onde foram construídas duas represas hidrelétricas, Xavantes e Jurumirim, com um volume de água maior que o da Baía de Guanabara. No ano passado, o Paraná, que é o maior produtor de peixes do país, tirou dos tanques 188.000 toneladas, 16.000 toneladas acima de 2020. O segundo maior produtor do País, São Paulo, colheu 81.640 toneladas.
A GTFoods não abre, por enquanto, como se dará um possível modelo de integração com produtores de peixe da região. Mas afirma que deve seguir nessa linha porque “esse modelo bem-sucedido de negócios tem sido um horizonte para outros setores, principalmente a piscicultura”.
A empresa já possui uma ampla atuação usando o modelo de integração na criação de aves, da granja de matrizes, engorda, até o abate em três frigoríficos. No país, cerca de 90% da avicultura industrial atua sob esse sistema. “A expertise da GTfoods com a avicultura tem muito a agregar para a piscicultura, tanto em termos de integração e verticalização de produção como em tecnologia e qualidade”, afirma Tortola. “Vimos, realmente, uma oportunidade de aplicar o nosso conhecimento em uma nova área e construir um negócio sólido.”
O segundo passo deve ser a exportação. “A GTfoods avalia o mercado externo”, diz Tortola. “Hoje, somos a sétima maior exportadora de proteína de frango no Brasil, apta a exportar para mais de 100 países e temos interesse em avançar para exportações com a linha de tilápias num futuro próximo”.
No ano passado, o Brasil exportou 8.529 toneladas de tilápia, volume 28% acima de 2020, por US$ 18,2 milhões, um crescimento de 77%. Os Estados Unidos foram o destino de 73% das exportações do peixe, com US$ 13 milhões, seguidos pela China com vendas de US$ 1,6 milhão.
Fonte: https://www.aquaculturebrasil.com/