O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, ao dar as boas vindas à delegação norueguesa presente no seminário “Aquicultura em Águas da União – Produção Sustentável da Aquicultura no Brasil”, que ocorre hoje e amanhã, em Brasília, disse que a cooperação entre o Brasil e a Noruega na área de aquicultura pode trazer grandes oportunidades de negócio aos dois países.
Crivella lembrou que o Brasil conta com mais de mil usinas em todo o território nacional, construídas para a geração de energia. Deste total, aproximadamente 250 têm grandes reservatórios adequados ao cultivo de pescado. Com tecnologias e processos avançados na área, a Noruega pode dar uma contribuição importante para a indústria pesqueira brasileira se desenvolver de forma sustentável.
Presente ao seminário, a ministra Pesca e Assuntos Costeiros da Noruega, Lisbeth Berg-Hansen, ressaltou que os dois países têm parcerias em diversas áreas, como é o caso da aquicultura. E que as relações comerciais são antigas. Em 1885, recordou, chegaram ao Brasil os primeiros navios carregados com bacalhau, que retornavam com café brasileiro. Para ela, um marco para os entendimentos na área de aquicultura foi o seminário internacional promovido pelo governo brasileiro em Manaus (AM), em março de 2011. O encontro resultou em 18 atividades programáticas e duas visitas de delegações brasileiras ao seu País, sendo a última ocorrida em agosto passado, com a presença do ministro Crivella.
Lisbeth ressaltou que a aquicultura é uma base importante para a produção de alimentos no mundo e contribui para reduzir a pobreza e problemas de saúde, já que o pescado é saudável. Lembrou que, em seu País, a tecnologia permite a criação de salmão com o mínimo de medicamentos, ao contrário do que ocorria na década de 1950. Finalizou o seu pronunciamento lembrando que estavam no seminário alguns dos principais representantes do governo e do empresariado norueguês relacionados à pesca e aquicultura.
Potencial brasileiro
No seminário, Maria Fernanda Nince Ferreira, secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do MPA, lembrou o enorme potencial brasileiro para a aquicultura e informou as principais espécies cultivadas. A tilápia, em todas as regiões brasileiras; o camarão, no litoral nordestino; o tambaqui e o surubim (pintado), nas regiões norte e centro-oeste; e a carpa, na região sul. Destacou, porém, que 24% da biodiversidade pesqueira de água doce se encontra no Brasil. São aproximadamente 2.500 espécies, das quais algumas adequadas ao cultivo, como o tambaqui, a pirarara e o pirarucu. No litoral, além de ostras, mexilhões e vieiras, a espécie beijupirá predomina. Algas também são produzidas no Nordeste. Afirmou ainda que o consumo de pescado cresceu 34% no Brasil, entre 1990 e 2011.
No Brasil, afirmou Maria Fernanda, existem aproximadamente um milhão de pescadores e 19 mil aquicultores cadastrados. Ela fez um balanço do ensino e da organização no setor. São 44 cursos de ensino superior em pesca e aquicultura, com 3.318 vagas; 35 cursos técnicos, com 1.500 vagas e 11 cursos de pós-graduação, com 600 vagas. Existem 318 unidades produtoras de formas jovens, 49 fábricas de ração e 353 plantas de beneficiamento de pescado.
Segundo ela, o governo brasileiro já tem parques aquícolas em seis grandes reservatórios e outros estão sendo estudados para a produção pesqueira. Informou que o Plano Safra da Pesca e Aquicultura, lançado recentemente pela presidente Dilma, com recursos da ordem de R$ 4,1 bilhões, beneficiará 330 mil famílias, das quais 100 mil na linha da pobreza. O plano pretende aumentar a produção aquícola nacional de 500 mil para 1 milhão de toneladas até o final de 2014.
Áreas aquícolas
Entre os palestrantes, Rafael Pasin, coordenador geral de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura em Águas da União do MPA, lembrou que, desde 2008, o Ministério já promoveu a concessão de mais de 2500 áreas aquícolas, das quais 90% sociais e 10% empresariais. Além dos parques aquícolas marinhos no litoral de Santa Catarina, já implantados, estão previstos outros para o litoral de estados como Pará, Maranhão, Sergipe e Rio Grande do Norte. Os estudos para a implantação de parques aquícolas já demandaram R$ 7 milhões, no caso dos marinhos, e R$ 22 milhões, no caso dos reservatórios no continente.
Jorge Pimentel, da Agência Nacional de Águas (ANA), explicou a metodologia usada para cálculos da capacidade de suporte em reservatórios federais. Antônio Ostrensky, da Universidade Federal do Paraná e do IGIA, explanou sobre estudos para avaliação, seleção e demarcação de parques aquícolas em parques da União. O oceanógrafo e empresário Sílvio Romero, do grupo M Cassab Foods, apresentou um projeto em andamento para produção de tilápia no município de Rifaina, no interior de São Paulo. O objetivo final será produzir 9.600 toneladas de pescado por ano. A empresa importou os primeiros tanques-rede (gaiolas) de grande volume para a criação de pescado, do Chile, de modelo norueguês. São 46 tanques, cada um com 400 metros quadrados. O seminário prossegue na tarde desta quinta-feira, com a apresentação dos especialistas noruegueses.
Fonte: http://www.mpa.gov.br