Em meio a protestos e arremessos de bolinhas de papel, o novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi à Argentina nesta segunda-feira (23/05) para dizer a seus pares que pretende flexibilizar o Mercosul, tirando a articulação política que marcou o bloco nos últimos anos para se concentrar em uma nova agenda econômica.
Além do complexo panorama político, a visita ocorre paralelamente às negociações entre o Mercosul e a União Europeia, outro foco de muita discussão nos países europeus, entre os quais a França lidera um movimento contrário ao incremento das exportações agrícolas sul-americanas, principalmente commodities, mas também o pescado.
A Argentina vem enfrentando uma queda considerável na exportação ao seu principal parceiro comercial, o Brasil, que responde por 40% das vendas externas dos hermanos. O pescado é uma amostra disso. Nos primeiros quatro meses do ano, a oferta de pescado argentino caiu 22,6% em volume, com uma perda correspondente de receita de 32,3%.
A queda do ritmo da atividade econômica no Brasil afetou nitidamente o vizinho e o exemplo da merluza hubbsi é salutar. O mercado brasileiro continua a ser o principal destino do produto, com mais de 40% de participação. A Espanha, segunda colocada no ranking de importadores de merluza e voraz consumidora de pescado, compra quase 3 vezes menos que nós.
Até abril, o Brasil importou 5,9 mil toneladas de filés, uma diminuição de 31,4% ante o mesmo período de 2015, que já havia visto uma queda de 14,7%. Ou seja, em dois anos, o mercado diminuiu pela metade. A receita despencou 36,4% em 2016, para US$ 18, 3 milhões.
E os asiáticos?
O mercado não está bom para ninguém, certo? Mais ou menos. Os vietnamitas vem crescendo no vácuo da Argentina e, aos poucos, vão se aproximando da presença de 2 anos atrás. Nos primeiros quatro meses do ano, o volume de filé de panga importado pelo Brasil foi mais de 3 vezes maior que no mesmo período do ano passado: 17,2 mil toneladas em 2016, ante 5,2 mil toneladas em 2015.
O volume é superior ao que o Brasil importou de filé de panga em 2014, indicando que 2016 pode ter resultado superior. O que se embarcou do Vietnã para cá este ano corresponde a 56% de tudo o que os importadores trouxeram de filés de panga em 2015.
Já a polaca do Alasca proveniente da China caiu mais do que a merluza argentina, em receita (-56,3%) e em volume (-48,4%). A situação inverte a tendência vista no ano passado, quando os chineses mostraram reação e exportaram 25% mais que em 2015 (23,4 mil toneladas).
Fonte: http://seafoodbrasil.com.br