Os cientistas utilizaram biomarcadores que medem as respostas do organismo a estressores e poluentes para entender os efeitos residuais de dois antimicrobianos.
Tilápias foram submetidas a ‘exame de sangue’ como parte de um experimento da Embrapa Meio Ambiente, para avaliar os efeitos residuais de dois antimicrobianos comuns na produção: o óleo de cravo e o florfenicol. Com o crescimento da piscicultura no Brasil, essas substância de controle de infecção estão se popularizando.
A tecnologia utilizada pelo cientistas foram os biomarcadores, comumente empregados na agropecuária e usados pela ciência para monitorar a saúde animal e ambiental.
Os biomarcadores são respostas biológicas do organismo frente a um estressor ou poluente, utilizados para mensurar os impactos de resíduos no sangue dos peixes.
Nesta pesquisa, foram usados os do tipo hematológicos, que avaliam o efeito dos resíduos no sangue de tilápias, mas outros enzimáticos e bioquímicos já estão em fase de avaliação para aplicação em novos experimentos.
De acordo com a pesquisadora Márcia Ishikawa, estudos dessa natureza são importantes para padronizar metodologias de monitoramento da qualidade da água usada na piscicultura.
“O uso de medicamentos na produção animal é inevitável, no entanto, os impactos negativos dos seus resíduos podem ser amenizados com o uso consciente de medicamentos e adoção das Boa Práticas de Manejo sanitário e de produção (BPM)”, afirma.
Foram realizados dois experimentos, um com óleo de cravo e o outro com florfenicol em 18 aquários de 200 litros, com três peixes em cada aquário, totalizando nove peixes por tratamento e 27 em cada experimento. Não foram identificadas diferenças significativas nos parâmetros hematológicos avaliados depois de sete dias.
As médias dos pesos e comprimentos dos peixes demonstraram que os tratamentos foram homogêneos, assim como os parâmetros físico-químicos da água, garantindo que a diferenciação ficou restrita às concentrações dos resíduos avaliados.
Os testes foram realizados em ambiente controlado com concentração subletal (baixa) de óleo de cravo e florfenicol e analisaram os seguintes parâmetros sanguíneos de tilápias: hematócrito, que é a porcentagem de volume ocupada pelos glóbulos vermelhos ou hemácias no volume total de sangue no organismo; proteína plasmática total, ou seja, todas as proteínas (globuminas e albumina) presentes no plasma; hemoglobina responsável pelo transporte de oxigênio; hemácias ou glóbulos vermelhos (eritrócitos) e a glicemia, que representa a concentração de glicose no sangue.
De acordo com a Emprapa os resultados alcançados mostram que, quando usado como anestésico, em quantidades de concentração mais elevada, o óleo de cravo causa alterações nos biomarcadores hematológicos. Mas quando utilizados em baixas quantidades (residuais), os medicamentos não alteram os padrões sanguíneos dos peixes.
Fonte: https://www.canalrural.com.br