O Globo Rural viajou para o Chile, onde se produz um terço do salmão vendido no mundo, para mostrar como é o cultivo do peixe.
O Chile é o segundo maior produtor de salmão, atrás apenas da Noruega. Por ano, são produzidas 800 mil toneladas de salmão. Felipe Manterola, gerente geral da SalmonChile, a associação que reúne 17 indústrias, responsáveis por 85% da produção do país, explica a importância do negócio. “O nosso principal mercado são os Estados Unidos, com um terço da produção, seguidos pelo Japão e pelo Brasil. A indústria de salmão faturou no ano passado, em exportações, 4.500 bilhões de dólares. Só perde para o cobre e as frutas.”
O salmão é peixe de águas frias, de países como Noruega, Canadá e Alasca. Ele passa parte da vida na água doce e parte na salgada. O salmão selvagem inicia seu ciclo quando a fêmea coloca os ovos entre pedras de rios. Os filhotes crescem e migram para o mar. Adulto, o salmão nada contra a correnteza, saltando obstáculos para voltar aos rios e se reproduzir.
No Chile, não existe salmão nativo, mas são criadas duas espécies: o salmão do Atlântico, ou salar, e o salmão do Pacífico, ou coho. Além da truta arco-íris, da mesma família dos salmões.
O Globo Rural foi até Puerto Montt, ao sul do Chile. A cidade faz a ligação com as ilhas do Pacífico e a região da Patagônia. Antes de entrar na sala de incubação, nossa equipe teve que vestir macacões e botas. No ambiente escuro e com constante barulho de água ficam as ovas fertilizadas de salmão.
A sala fica em uma temperatura entre 4 e 8 graus e o salmão sai já na fase de alevino. Isso pode demorar entre 50 e 100 dias, dependendo da temperatura. Quanto mais baixa a temperatura, mais tempo demora para o processo ser concluído. Toda fase inicial é feita na água doce.
Na fase seguinte, os alevinos vão para tanques, onde estão dois milhões de peixes. Para garantir a qualidade, a água é trocada a cada hora. Nadando em água limpa, os alevinos começam a receber a primeira alimentação.
A ração tem vários ingredientes, entre eles, está um pigmento. É ele que dá cor à carne do salmão. O representante dos produtores de salmão explica. “A cor do salmão selvagem é alaranjada porque ele come crustáceos na natureza. No cultivo, a alimentação recebe um pigmento chamado astaxantina. É seguro, não muda nada no produto. É um carotenóide similar ao que existe no tomate, na cenoura e nos camarões.”
Além do pigmento, outra polêmica é que a ração usa muita farinha e óleo de peixes silvestres, ou seja, a produção de salmão estaria usando recursos naturais em demasia. “Antigamente o principal insumo do alimento era a farinha e óleo de peixe, mas, hoje, só usamos de 15 a 20%”, diz Felipe Manterola. Comendo essa ração que os alevinos atingem cerca de cem gramas e já podem passar a viver na água salgada.
Os salmões ficam em tanques flutuantes. As áreas de cultivo são concessões do governo chileno e ficam em mar semifechado, com águas mais tranquilas.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br