Nos últimos anos, o Brasil está aproveitando grandes reservatórios públicos, geralmente de hidrelétricas, e ainda a sua costa, para a produção de pescado. Até o momento, 13 estados do País já contam com parques aquícolas implantados pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Nos reservatórios, os peixes são criados em gaiolas (tanques-rede).
Este projeto, que pode acrescentar no futuro milhares de toneladas de pescado à produção nacional, foi levado ao conhecimento de dezenas de países, através de um documento oficial do governo brasileiro, durante a 31ª Sessão do Comitê de Pesca (COFI) da Organização das Nações para Agricultura e Alimentação (FAO), que ocorre em Roma, Itália, esta semana.
A distribuição do documento foi realizada por sugestão do coordenador geral da FAO, José Graziano, o primeiro brasileiro e latino-americano a ocupar o cargo. As informações foram recebidas com interesse porque atualmente a aquicultura, o cultivo de pescado, já responde por metade do pescado destinado à alimentação humana. E, conforme a própria FAO, este percentual deverá subir para 62% do total até 2030.
No plenário do Comitê de Pesca, o ministro Eduardo Lopes, da Pesca e Aquicultura, ressaltou a importância do projeto brasileiro, não apenas para o aumento da produção de pescado, como para o combate à pobreza, a inclusão social, a melhoria nutricional e a melhor distribuição de renda.
Contexto econômico
Atualmente a captura de pescado em nível mundial está relativamente estagnada, no patamar das 90 milhões de toneladas anuais. Um esforço de pesca mais elevado poderia colocar em risco a sustentabilidade dos estoques pesqueiros.
Em contraste, o consumo de pescado – a proteína mais saudável e consumida no mundo – aumenta fortemente. Por isso, a aquicultura se torna fundamental para atender à demanda crescente. Em 2007, a criação de pescado foi responsável pela produção de 49,9 milhões de toneladas e já em 2012 alcançava as 66,6 milhões de toneladas, um volume maior do que a atual produção mundial de carne bovina.
Mercado é o que não falta. Segundo a FAO, hoje o mundo abriga mais de 800 milhões de pessoas com subnutrição crônica. E o planeta deve chegar em 2050 com uma população de 9,6 bilhões de pessoas, aproximadamente 2 bilhões a mais do que hoje.
Setor estratégico
No cenário internacional, o Brasil é um dos países com mais potencial para crescer fortemente a produção de pescado em cativeiro. Conta com água, espécies promissoras, clima favorável e capacidade de produzir ração para a manutenção dos criatórios.
A FAO estima que o Brasil possa produzir 20 milhões de toneladas por ano, quase dez vezes a atual produção. Se atingir esta elevada produção de pescado, o País se tornará um campeão completo em proteínas de origem animal, seja boi, frango, suíno ou peixe. Além de gerar empregos e renda, a produção pesqueira estimulará outras áreas da economia, como a agricultura e a indústria, em um círculo virtuoso.
Para o ministro Eduardo Lopes, o mundo espera que o Brasil se torne um grande produtor de pescado, para dar a sua contribuição para o atendimento da demanda. No momento, diz, o governo federal, com o apoio de outros entes da federação, tem se empenhado para criar condições favoráveis ao desenvolvimento da atividade. Medidas como a adoção do Plano Safra para ofertar crédito barato, a implantação de parques aquícolas e a simplificação de licenciamento ambiental fazem parte desse contexto.
Brasil em foco
Nesta semana, o Brasil, em ritmo de Copa do Mundo, “marcou dois gols” na 31ª Sessão do Comitê de Pesca (COFI) da FAO. O primeiro foi a confirmação, por unanimidade, do nome do professor Fábio Hazin, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), para a presidência do COFI. Um dos engenheiros de pesca brasileiros de maior projeção mundial, Fábio Hazin já presidiu a Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT) no período de 2007 a 2011. Atualmente ele exerce a vice-presidência do Comitê de Pesca da FAO.
Outra boa notícia foi a escolha do País para sediar a 8ª Sessão do Subcomitê de Aquicultura do Comitê de Pesca da FAO, programada para daqui a dois anos. Na oportunidade, a sessão será presidida por Rodrigo Roubach, coordenador geral de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura Marinha do MPA.
Fonte: http://www.mpa.gov.br