376 cidades mineiras se encontram em situação de emergência devido às chuvas no Estado
As fortes chuvas que ajudaram a provocar tragédias em Minas Gerais nos últimos dias também estão afetando as produções de alimentos e causando impactos nas pisciculturas da região. Dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) mostram que, no Estado, cerca de 127 mil produtores rurais sofreram algum tipo de dano por causa das chuvas das últimas semanas. A condição foi relatada em 416 municípios do Estado (48,7% do total).
Ailton Batista, empresário e produtor de tilápia em Morada Nova, Minas Gerais, comenta que a piscicultura na região tem sido prejudicada de diversas maneiras. “Em várias regiões do Estado as estradas foram fechadas. Desmoronamento, desbarrancamento e pontes chegaram a cair. Então, isso dificulta a negociação do peixe tanto das pisciculturas quanto dos frigoríficos”, falou.
A piscicultura de Batista produz cerca de 180 toneladas/mês de tilápia e também tem um frigorífico que abate em torno de 5 a 6 toneladas/dia do peixe. Ele explica que a situação restringiu o acesso a alguns mercados, gerando acúmulo de produtos e impactos nos preços. “E aí vem a lei da oferta”, completa.
Atualmente, o kg da tilápia sai por R$ 7,50 na região, mas em condições “normais”, o kg é cerca de R$8. “A esperança é a aproximação da Quaresma para o pessoal baixar os estoques”, destaca Ailton.
As expectativas são que as previsões de melhora do tempo se concretizem e que a região tenha diminuição do volume de chuvas nos próximos dias. “Para ver se ameniza um pouco a situação nas estradas e consequentemente tentar escoar a produção também, que com esse tempo de geral no Estado teve bastante quedas”, contou.
Produções em alerta
O Emater-MG conta que entre os municípios com estimativa de áreas afetadas, a produção de feijão primeira safra foi a mais prejudicada, com 42,2% da área a ser colhida. Já na produção de hortaliças, é estimado comprometimento de 37% da área, principalmente nas regiões Nordeste, Leste e Central de Minas Gerais. A produção de milho (safra verão) tem uma estimativa de 23,3% de área afetada, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Central.
Abastecimento
De acordo com informações coletadas pela Emater-MG na CeasaMinas, até o momento não houve nenhum impacto significativo na disponibilidade de frutas e hortaliças para o mercado atacadista. Porém, em algumas praças da Ceasa no interior, houve redução de produtos como beterraba, mandioca, quiabo e batata-baroa, comercializados nos mercados locais e regionais.
Nos bolsões verdes das regiões metropolitanas, onde se concentra a maior produção de folhosas, ainda há possibilidade de impacto no abastecimento por causa das condições climáticas.
Há, ainda, alguns pontos de interdição em rodovias que podem prejudicar o escoamento de produtos como morango e batata, principalmente nas regiões Sul e Campo das Vertentes.
Pecuária
Outras atividades que registram possibilidade de dano com as chuvas foram piscicultura (28,3%), avicultura caipira (23,7%), pecuária de corte (17,7%) e suinocultura caipira (15%).
Chuvas volumosas
O ClimaTempo informa que Minas Gerais passou por semanas de tempo muito instável e chuvas volumosas onde a formação de diversas Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) próximas ao Sudeste do País, tiveram grande influência na condição de tempo.
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), até a quinta-feira (13), as cidades que registraram os maiores volumes de chuva do País, estão situadas em Minas Gerais: Florestal, Brumadinho e Betim.
Nos três municípios, o volume de água das chuvas triplicou com relação à média Climatológica das cidades. Para os próximos dias, a tendência é que a chuva perde força e o tempo fique firme em grande parte do Estado. A chuva só deverá persistir nas áreas mais ao Sul do Estado, Zona da Mata e parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas as pancadas vão ocorrer sem grandes acumulados e de forma mais pontual, intercalando com períodos de melhoria.
Calamidades
As chuvas no Estado também provocaram deslizamento do bloco rochoso que causou a morte de dez pessoas no sábado (8), em Capitólio. Como destaca o G1, o acidente fez com que o Ministério Público Federal (MPF) recomendasse a três municípios que interditem o acesso a áreas de cânions no Lago de Furnas. Em Ouro Preto, outro ponto turístico do Estado, um morro deslizou e destruiu um casarão histórico do século 19 – ninguém se feriu. Conforme a Agência Brasil, o imóvel estava interditado desde 2012.
O governador do Estado, Romeu Zema anunciou, na sexta-feira (14/1), R$ 560 milhões para ações nas cidades atingidas pelas fortes chuvas. A informação foi dada durante agenda em Raposos, na região metropolitana de Belo Horizonte. A Agência de Minas diz que a cidade foi diretamente impactada pela cheia do Rio das Velhas e está em situação de emergência devido às enchentes. Cerca de 60% do município encontra-se inundado. A estimativa é que 3 mil pessoas perderam suas casas.
Zema ressaltou ainda que o Governo de Minas solicitou nesta semana outros quase R$ 940 milhões ao governo federal para apoiar as cidades afetadas. “Solicitamos ajuda ao governo federal para reconstrução do Estado”, completou.
Até esta sexta-feira (14/1), de acordo com a Defesa Civil, 376 cidades mineiras se encontram em situação de emergência devido às chuvas, o que corresponde a 44% do Estado. Mais de 40 mil pessoas estão desabrigadas e desalojadas, além de 25 mortes terem sido registradas.
Fonte: https://www.seafoodbrasil.com.br/