A franciselose é uma doença ocasionada pela bactéria Gram-negativa Francisella noatunensis subsp. orientalis, e acomete principalmente a tilápia do Nilo durante o período de queda na temperatura da água, sendo este o principal fator de risco. Em adição, o principal grupo de risco são alevinos e juvenis, embora casos pontuais de infecção em animais adultos (> 500g) tenham sido observados nos últimos anos. Atualmente a enfermidade já está estabelecida principalmente nas bacias do rio São Francisco e bacia do rio Paraná, regiões estas em que a temperatura da água alcança valores abaixo de 24º C durante o período inverno/primavera.
Entre as alterações patológicas características desta doença, temos a ocorrência de nódulos esbranquiçados em órgãos como baço, rins, fígado e até mesmo brânquias, além de aumento de tamanho do baço (esplenomegalia) e rins (nefromegalia). Estes sinais constituem-se nos principais achados de necropsia, ao passo que a doença seja também denominada de granulomatose visceral bacteriana. Para confirmação do diagnóstico, podem ser realizadas análises histopatológicas dos órgãos afetados, bem como técnicas para isolamento e identificação bacteriana, ou ainda avaliações moleculares de fragmentos de órgãos dos animais suspeitos, sendo este último, a estratégia com maior acurácia para detecção.
Embora os animais jovens sejam os que apresentem maior susceptibilidade durante a infecção por Fracisella, as matrizes e reprodutores podem ser portadores e potenciais disseminadores da enfermidade para a prole. Portanto, o principal foco para conter a dispersão da doença, é monitorar a saúde do plantel de matrizes e reprodutores, ao passo que se torna necessário o tratamento com antimicrobianos durante períodos que antecedem maior risco para ocorrência da doença, sempre pautado no diagnóstico prévio da enfermidade. Esta estratégia pode não ser bem vinda para alguns produtores, afinal, tratam-se animais portadores que não estão clinicamente enfermos, sem registro de mortalidade pela doença. Quando houver a disponibilidade de vacinas para promover a imunização ativa do plantel de reprodutores, certamente esta prática deverá ser abandonada.
O monitoramento da enfermidade para o principal grupo de risco (alevinos e juvenis) deve ser realizado durante intervalo de pelo menos 10 dias em regiões de alto desafio durante o período de risco (temperatura abaixo de 24ºC). Esta prática é extremamente necessária para possibilitar o diagnóstico precoce da doença, otimizando a resposta ao tratamento, uma vez que até o momento não disponibilizamos de soluções em vacinas para promover a imunização ativa do plantel de animais jovens.
A partir da detecção de casos de franciselose, tanto no plantel de matrizes e reprodutores, quanto em alevinos e juvenis, a intervenção com antibioticoterapia se fará necessária para contenção da enfermidade. Contudo, o principal fator de risco deverá ser levado em consideração; especialmente se a ocorrência da doença apresentar baixa pressão durante o final da primavera, o que talvez inviabilize a intervenção com uso de antimicrobianos em animais jovens, já que com o aumento natural da temperatura da água, inibe a evolução da doença. Caso contrário, a melhor estratégia terapêutica a ser adotada é o uso “Off label” (fora das indicações em bula) de altas dosagens de florfenicol (20 mg do ingrediente ativo/kg de peso vivo) durante 10 a 30 dias consecutivos, até a remissão completa da doença.
Fonte: http://www.aquaculturebrasil.com/