Frutas regionais estão sendo testadas em ração para peixes

Experimentos com caju já apresentam resultados positivos comprovados

Além de saboroso para os humanos, o caju tem grande potencial para se tornar um alimento importante também para os peixes. A fruta vem sendo testada como ingrediente básico na dieta de tilápias e já começa a apresentar resultados positivos.

Experimentos realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), no campus da cidade de Barra, mostraram que o farelo de caju pode substituir até 75% dos carboidratos convencionais, como milho e trigo. Além de garantir um alto valor nutricional, a inserção da fruta pode baratear o custo das rações usadas pelos piscicultores.

“Ainda estamos analisando a questão de mercado, mas acreditamos que seja possível reduzir entre 30% e 40% o custo final, visto que o milho corresponde a cerca de 50% da ração convencional”, afirma o professor Anderson Miranda de Souza, coordenador da pesquisa.

SUSTENTABILIDADE

Os testes foram realizados com cajus que seriam descartados, aqueles que geralmente caem do pé e não são enviados para o mercado pelos agricultores. Assim os experimentos indicam uma saída para o desperdício dos cajus amassados e uma alternativa para a utilização dos frutos que geralmente são considerados “indesejáveis” pelos consumidores.

Depois de cortados e misturados com um antifungo, o material foi desidratado e triturado. A partir daí foram adicionados os outros ingredientes comuns nas rações de tilápias, como farinha de peixe e o farelo de soja.

A mistura foi testada em 480 alevinos mantidos em tanques. Foram analisados o grau de digestão, o perfil nutricional e o desempenho dos peixes depois da oferta da ração experimental.

OUTROS FRUTOS

Outros frutos comuns na região também estão sendo testados, com o buriti, a manga e a mangaba. Os experimentos começaram há um ano por meio de uma parceria entre a UFOB, a Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Os estudos contam ainda com a participação de estudantes do ensino médio, através de bolsas de iniciação científica, e com o apoio do Centro Estadual de Educação Profissional Águas (CEEP Águas). Os resultados com o caju foram tão promissores que o experimento já está em fase de patente. 

O caju foi o primeiro, e estamos fazendo testes para criar uma padronização, e torná-lo um ingrediente convencional. Acreditamos que a aplicação da tecnologia social para produção desta ração de baixo custo, e de grande potencial nutritivo, trará melhorias para a piscicultura no oeste da Bahia”, completa o pesquisador.

A piscicultura é uma das atividades que mais tem crescido na Bahia. Nos últimos dez anos o estado aumentou em 150% a produção de tilápias, como o Agro Bahia / CORREIO mostrou em reportagem publicada em junho deste ano. Atualmente os piscicultores baianos produzem anualmente cerca de 24 mil toneladas de tilápias, segundo a Bahia Pesca.

Pequenos agricultores têm inserido a atividade como fonte adicional de renda nas fazendas. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam ainda que a piscicultura mundial deve registrar um aumento de cerca de 100% até 2025.


A pesquisa, coordenada pelo professor Anderson Miranda, conta com a participação de estudantes, como Ismael Brito, bolsista do CNPQ. ((ascom / UFOB))

Fonte: https://www.correio24horas.com.br