O governador do Amazonas, José Melo, recebeu nesta quinta-feira, 15 de janeiro, o embaixador da Holanda, Johannes Petters, para discutir a criação de parcerias bilaterais na área de piscicultura. Eleita prioridade para a economia no interior pelo Governo Estadual, a criação de peixe em cativeiro receberá fortes investimentos e aperfeiçoamentos na legislação ambiental. E, para a industrialização, etapa fundamental segundo o governador, o capital privado será imprescindível. “Precisamos de megainvestimentos”, destaca.
No encontro realizado na sede do Governo do Estado, no bairro da Compensa II, zona oeste de Manaus, Melo expôs ao embaixador do Reino dos Países Baixos as oportunidades de negócios no Estado. Além da piscicultura, o Polo Industrial de Manaus e o setor naval dominaram as conversas. Com 20 empresas instaladas no PIM, a Holanda é o terceiro maior investidor estrangeiro no Estado. Somente em 2013, foram aplicados cerca de US$ 681 milhões, 10,44% do total de investimentos estrangeiros no polo.
Com a perspectiva de expansão dos benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus para a Região Metropolitana, o governador defende a implantação do grande porto do PIM em Itacoatiara e espera desenvolver o projeto em parceria com o setor privado, o que atraiu os holandeses. A piscicultura também despertou grande interesse. Segundo o embaixador, o país domina tecnologias na aquicultura e espera estreitar cooperação com o Amazonas no segmento.
“A Holanda tem tecnologias interessantes para o Amazonas. Temos grande experiência no setor agropecuário e de peixe, somos a segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo e temos a melhor universidade agrícola. Espero que possamos ajudar. Vamos voltar com certeza. Manaus é muito interessante e importante, além de ser uma cidade bonita. Vamos continuar a cooperação”, afirmou Petters.
Nos próximos meses, técnicos da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan) e do governo Holandês devem se reunir para definir as agendas. A expectativa é que no próximo semestre uma comitiva, formada por agentes do governo e empresários, venha a Manaus aprofundar as conversas.
“Os países baixos têm uma tradição muito grande na aquicultura. São anos e anos de experiência. Vislumbro uma relação muito forte entre nossa universidade e eles no sentido de absorver tecnologias para facilitar o nosso grande projeto de criação de peixe. Conversamos sobre a vinda de outras empresas para se instalar no Polo Industrial de Manaus e também a possibilidade de termos uma parceria para a construção de um grande porto em Itacoatiara”, disse o governador.
De acordo com Melo, o capital financeiro privado tem papel fundamental no projeto de piscicultura que será implantado. Para isso, a busca por investidores continuará. Além de incentivar a produção por pequenos produtores, a meta é a industrialização do pescado. A expectativa é que o peixe produzido no Estado seja processado e vendido em lata para o mercado consumidor nacional e estrangeiro. “Vamos começar pequeno, claro, mas é preciso dar os primeiros passos porque o mercado nos diz que esse é o momento”, frisou.
Melo afirmou que deve enviar para a Assembleia Legislativa do Estado uma nova lei facilitando as licenças ambientais para a criação de peixe em cativeiro. A ideia é passar a contemplar projetos de grande porte. Na atual legislação (Lei 3.875/12), por exemplo, que já trouxe avanços, em projetos de até cinco hectares o licenciamento é simplificado, gratuito e permanente. Cerca de 1,3 mil piscicultores estão licenciados, conforme o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
“Tanto Rondônia quanto Roraima licenciam grandes projetos, com 50 ou 100 tanques. Aqui, até pouco tempo, as nossas leis, a partir de 5 tanques havia muitas dificuldades. É preciso adequar as nossas leis para ter locais com alta produção. Estamos trabalhando nisso levando em consideração que o nosso grande patrimônio é o meio ambiente”, adiantou o governador.
Melo afirmou, ainda, que vai negociar com o Governo Federal a criação de uma linha de crédito exclusiva do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para incentivar a piscicultura no Amazonas. O Governo do Amazonas concede subsídio de até 50% para a abertura de tanques escavados e de 20% para aquisição da ração, mas o financiamento será um atrativo maior para empresários brasileiros e estrangeiros.
“Tenho esperança de convencer o Governo Federal a abrir uma linha de crédito especial para quem quiser produzir peixe. O BNDES empresta para o exterior, porque não faz aqui ajudando a gerar renda e proteger a Amazônia?”, ressaltou o governador.
Fonte: http://www.jornaldehumaita.com.br