Um novo espaço para pesquisas com piscicultura foi integrado ao Laboratório de Fisiologia Aplicada à Piscicultura (Lafap), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). O Sistema com Tecnologia de Bioflocos é pioneiro na região e foi inaugurado na última sexta-feira (22/09) com uma estrutura financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) em parceria com a empresa Nova Aqua
Estiveram presentes na solenidade de inauguração o grupo de pesquisas em Aquicultura, pesquisadores, doutorandos e mestrandos, além de convidados da empresa Nova Aqua, parceira no Sistema de Bioflocos. Na ocasião, o coordenador de Tecnologia e Inovação do Inpa, Nilton Falcão, representou a diretora do Instituto, Antonia Franco, e parabenizou o Lafap pela nova fase e estrutura do projeto.
Elizabeth Gusmão, pesquisadora do Inpa e líder do grupo de pesquisas “Aquicultura na Amazônia Ocidental”, enfatiza a importância da nova estrutura como uma etapa no avanço das pesquisas. “Aumentar a produção de peixes no estado que é o maior consumidor de pescado do país, tem sido uma prioridade nas pesquisas do grupo em Aquicultura do INPA. Espera-se que essa nova estrutura possa contribuir com nossos estudos e pesquisas, gerando novas informações utilizando um sistema sustentável e de alta produtividade. E com isso, auxiliar o pequeno produtor rural do estado do Amazonas a produzir mais, aumentar seu lucro e melhorar sua qualidade de vida”, pontua.
Nos próximos meses, a cidade de Novo Airão receberá uma estação de larvicultura em sistema com tecnologia de bioflocos (BFT). A infraestrutura está sendo montada dentro da sede da Associação de Piscicultura de Novo Airão (Apina), que produz peixes em sistema tradicional (viveiros). A Associação tem 40 associados ativos, cada um com sua propriedade e tanques que recebem apoio técnico da Apina.
A produção da Apina atende programas sociais em parceria com a prefeitura de Novo Airão, além de fornecer peixes para a rede privada, como feiras, mercados e restaurantes. Gerando economia no cenário local.
Bernardo Neto, diretor da Apina, diz que o sistema é uma revolução para a piscicultura e que vai auxiliar no crescimento da produção de peixes nativos como matrinxã, pirapitinga, pirarucu, tambaqui e outros nativos de menor escala. “A expectativa é grande para que a gente possa entrar em um cenário mais moderno, de reaproveitamento de água, sanidade dos peixes e o controle dessa produção. Estou animado pra esse novo cenário e já estamos fazendo planos”, comemora.
Sistema Bioflocos
O sistema de Bioflocos é uma tecnologia que pode incrementar a produção de peixes nativos da Amazônia com o uso de pouca água, uma vez que é reposto apenas a água que evapora. Os bioflocos se formam por meio da atividade bacteriana e seu crescimento é estimulado de acordo com a necessidade. Essas bactérias são responsáveis por converter compostos tóxicos em atóxicos por meio da ciclagem dos nutrientes.
Fellipy Chaves, bolsista de apoio técnico do projeto, explica que a tecnologia de biofloco é um processo de sucessão ecológica, onde o estímulo ao crescimento das bactérias ocorre com a adição de uma fonte natural de carboidrato, sendo utilizado o resíduo da indústria do açaí, testado pelo grupo do INPA. “A base do sistema de bioflocos são os microrganismos, formado por bactérias benéficas que trabalham para manutenção da qualidade da água, retirada compostos tóxicos da água, melhorando da flora intestinal e no estímulo ao sistema imunológico contra bactérias patogênicas ou organismos que prejudiquem o desenvolvimentos dos animais”, explica.
O Novo sistema possui seis tanques, com capacidade de 10 mil litros cada, equivalente a um sistema de produção comercial, o que possibilita a validação das metodologias testadas no laboratório em escala comercial.
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA