No AM, peixes podem desaparecer com poluição de igarapés, diz biólogo

Espécies como o acará-anão e o tetra beija-flor podem entrar em extinção. Segundo pesquisador, os igarapés são locais muito vulneráveis a impactos

Durante encontro realizado nesta quarta-feira (26) em Manaus, pesquisadores discutiram a variedade de peixes encontrada nos leitos de igarapés da cidade e os impactos causados pelo desmatamento na região. O evento conhecido como “Ciência às 7 e meia” apresentou o tema “Peixes de igarapés de Manaus: belos, desconhecidos e ameaçados” em um shopping localizado na Zona Centro-Sul da capital.

Segundo o biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Jansen Zuanon, os igarapés são importantes para a manutenção do microclima de uma região, pois ajudam a drenar as águas pluviais que caem sobre a floresta e alimentam um ecossistema. “Os igarapés sempre fizeram parte do cotidiano dos habitantes da Amazônia, seja como fonte de água potável, local de pesca para subsistência e ambiente de lazer. Mas apesar dessa proximidade histórica e íntima com a população, eles continuam desconhecidos do ponto de vista ecológico e passam despercebidos pela maioria”, relatou.

De acordo com Zuanon, os igarapés são locais extremamente vulneráveis a impactos ambientais e encontram-se sob ameaça constante de desmatamento, construção de estradas, expansão urbana desordenada, represamento, assoreamento e poluição. “A degradação dos igarapés pode comprometer a comunidade de organismos aquáticos, ocasionando até mesmo a extinção de espécies ainda desconhecidas, o que reforça a necessidade e urgência de estudos sobre estes ambientes”, explicou.

Doutor em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o biólogo destacou também que hoje é muito caro recuperar os igarapés urbanos e não se tem certeza de que as águas terão a mesma qualidade. “Normalmente as pessoas tiram toda a mata ciliar [vegetação que fica às margens de rios e igarapés], colocam cimento e poluem tudo. O resultado é um ambiente quente com águas sujas e mal cheirosas. Não há como cuidar dos igarapés de Manaus se não tiver tratamento de esgoto”, afirmou.

Perda da fauna de peixes
Segundo o pesquisador, as características físico-químicas das águas dos igarapés determinam as cores delas e isso se deve também ao tipo de solo onde estão situados e a decomposição de matérias orgânicas que são depositadas nos leitos deles. Porém, as alterações causadas pelo homem têm modificado os cursos d’água e podem causar o desaparecimento de espécies como o peixe-camaleão (Ammocryptocharax elegans).

“As espécies acará-anão (Apistogramma hippolytae) e tetra beija-flor (Poecilocharax weitzmani) também estão se tornando raras nos ambientes aquáticos dos igarapés devido à poluição e a retirada das matas ciliares”, completou.

Fonte: http://g1.globo.com