Nova mudança na rotulagem da mistura de peixes amplia impasse na pesca no Litoral Norte de SC

Nova mudança na rotulagem da mistura de peixes amplia impasse na pesca no Litoral Norte de SC
Setor pesqueiro quer mudanças mais profundas na medida do Ministério da Agricultura Foto: Marcos Porto / Agencia RBS

Uma determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nesta semana agitou o já tumultuado cenário pesqueiro no Litoral Norte de Santa Catarina. O ministro da Pesca, Eduardo Lopes, atendeu o apelo dos trabalhadores e conseguiu negociar alterações na medida que cancela a rotulagem de mistura de pescados. O setor, porém, avalia que as mudanças são inviáveis à atividade industrial e prepara uma mobilização para segunda-feira caso as conversas para novos ajustes não sejam retomadas até esta sexta-feira.

Conforme informações do Mapa, o ministério “normatizou provisoriamente e parcialmente a mistura de espécies desde que conhecidas, para algumas apresentações e devidamente declaradas nas rotulagens, e também autorizou por 60 dias as que estavam anteriormente aprovadas desde que atendidos alguns critérios que protejam os consumidores”. Na prática, a determinação orienta que a embalagem informe ao consumidor todas as espécies e as quantidades em gramas e em unidades de cada pescado.

— Existem centenas de espécies e há sazonalidade, então teriam que ser feitos vários kits e alterar toda a operação da indústria. As empresas já fazem empacotamento com máquinas automática, isso que a norma pede inviabiliza toda a cadeia do setor pesqueiro — afirma o presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Giovani Monteiro.

Paralisação

Segundo o Sindipi, já há barcos parados porque as indústrias estão parando de comprar o produto nacional enquanto o impasse continua. O sindicato enviou ofício ao Mapa e espera um novo posicionamento até hoje. Se isso não acontecer a paralisação geral dos pescadores começa segunda-feira e não tem data para terminar.

— A intervenção do ministro Eduardo Lopes foi prontamente atendida pelo Ministério da Agricultura e vimos que há boa vontade, mas a parte técnica não satisfaz o setor. Tentaram resolver o problema, mas a Agricultura não está ciente das nossas necessidades e queremos que mexam na norma de forma mais profunda — declara Monteiro.

Cerca de 300 barcos e 3,6 mil pescadores trabalham em Itajaí e Navegantes, maior polo pesqueiro do país. A estimativa é que as perdas cheguem a R$ 100 milhões por mês no setor com a medida do Mapa.

Fonte: http://osoldiario.clicrbs.com.br