Uma determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nesta semana agitou o já tumultuado cenário pesqueiro no Litoral Norte de Santa Catarina. O ministro da Pesca, Eduardo Lopes, atendeu o apelo dos trabalhadores e conseguiu negociar alterações na medida que cancela a rotulagem de mistura de pescados. O setor, porém, avalia que as mudanças são inviáveis à atividade industrial e prepara uma mobilização para segunda-feira caso as conversas para novos ajustes não sejam retomadas até esta sexta-feira.
Conforme informações do Mapa, o ministério “normatizou provisoriamente e parcialmente a mistura de espécies desde que conhecidas, para algumas apresentações e devidamente declaradas nas rotulagens, e também autorizou por 60 dias as que estavam anteriormente aprovadas desde que atendidos alguns critérios que protejam os consumidores”. Na prática, a determinação orienta que a embalagem informe ao consumidor todas as espécies e as quantidades em gramas e em unidades de cada pescado.
— Existem centenas de espécies e há sazonalidade, então teriam que ser feitos vários kits e alterar toda a operação da indústria. As empresas já fazem empacotamento com máquinas automática, isso que a norma pede inviabiliza toda a cadeia do setor pesqueiro — afirma o presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Giovani Monteiro.
Paralisação
Segundo o Sindipi, já há barcos parados porque as indústrias estão parando de comprar o produto nacional enquanto o impasse continua. O sindicato enviou ofício ao Mapa e espera um novo posicionamento até hoje. Se isso não acontecer a paralisação geral dos pescadores começa segunda-feira e não tem data para terminar.
— A intervenção do ministro Eduardo Lopes foi prontamente atendida pelo Ministério da Agricultura e vimos que há boa vontade, mas a parte técnica não satisfaz o setor. Tentaram resolver o problema, mas a Agricultura não está ciente das nossas necessidades e queremos que mexam na norma de forma mais profunda — declara Monteiro.
Cerca de 300 barcos e 3,6 mil pescadores trabalham em Itajaí e Navegantes, maior polo pesqueiro do país. A estimativa é que as perdas cheguem a R$ 100 milhões por mês no setor com a medida do Mapa.
Fonte: http://osoldiario.clicrbs.com.br