Cultivo das duas espécies em conjunto aumenta produtividade, peso e lucro da atividade. Sistema pode ser utilizado por pequenos produtores, mas também por grandes empreendimentos
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo entrega mais uma tecnologia ao setor de produção. Trata-se de sistema inédito de cultivo de lambari-do-rabo-amarelo em conjunto com camarões de água doce. Com a tecnologia disponibilizada pela APTA Regional de Pindamonhangaba em conjunto com o Instituto de Pesca (IP-APTA), unidades de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), é possível aumentar em até 15% a produtividade dos lambaris e camarões em relação aos monocultivos e em até 100% a produção por viveiro, considerando a produção agregada das duas espécies. Confira podcast no Spotify e Soundclound.
Além da maior produção, a análise econômica do projeto mostrou que o cultivo integrado aumentou em 30% o lucro operacional da atividade e reduziu em 33% o tempo de retorno do capital investido. Os resultados do estudo estão em fase de publicação em periódicos científicos da área.
“Do ponto de vista ambiental, as vantagens do cultivo integrado se refletiram nos melhores índices de eficiência de uso dos recursos naturais de água e espaço físico, além dos nutrientes nitrogênio e fósforo com consequente redução da carga de nutrientes na água efluente do cultivo. Conseguimos ter 25% a mais de eficiência nesse quesito. Estamos entregando uma tecnologia que nos foi demanda pelo setor produtivo”, explica Sergio Henrique Canello Schalch, pesquisador da APTA Regional de Pindamonhangaba.
Para o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, a entrega desta nova tecnologia ao setor produtivo é um dos compromissos da Pasta de levar conhecimento e inovações para todo o agro. “Ao longo do ano, faremos dezenas de entregas de novas tecnologias ao setor. Este novo sistema de cultivo de camarão e lambari pode ser um excelente negócio em termos econômicos para os pequenos produtores, mas também para empreendimentos de maior escala, devido a simplicidade das técnicas de produção, baixo investimento e bom retorno financeiro”, afirma.
De acordo com o pesquisador da APTA Regional, Sergio Henrique Canello Schalch, pesquisas no mundo todo comprovam que o cultivo integrado de peixes e camarões de água doce é mais sustentável do ponto de vista econômico e ambiental do que o cultivo separado das espécies.
Como fazer
A Secretaria disponibiliza para os produtores rurais o protocolo para a implementação na propriedade da tecnologia (clique aqui para acessar). O pesquisador da APTA Regional adianta, porém, que nesse projeto as duas espécies precisam ser separadas fisicamente, já que são onívoras e agressivas por natureza, o que poderia causar estresse e mortalidade excessiva, trazendo queda na produção. “Os lambaris permaneceram no interior dos tanques durante o cultivo enquanto aos camarões habitavam o espaço exterior, no fundo do viveiro”, explica.
A maior produtividade e sustentabilidade do cultivo integrado se explica pela menor quantidade de ração empregada no sistema, pois os camarões, por serem animais onívoros, se alimentam dos restos da ração fornecida aos lambaris que se depositam no fundo, passando pela malha dos tanques rede e, principalmente, de pequenos animais que crescem no sedimento de fundo, devido à contínua adubação da água pelas exceções dos lambaris. “Além disso, o melhor aproveitamento do espaço físico dos viveiros e da água utilizada, fazem com que a biomassa do lambari e camarão produzidos seja maior por unidade de área e por volume de água consumida”, afirma o pesquisador.
Schalch explica que os custos para implementação de um módulo de um hectare de área de viveiro giram em torno de R$ 60 mil, caso o produtor já tenha na propriedade os viveiros disponíveis. Os custos operacionais de mão de obra, compra de alevinos, pós-larvas e ração também são de R$ 60 mil, aproximadamente. “Esses custos se pagam inteiramente com os lucros do projeto em aproximadamente dois anos”, explica.
O pesquisador alerta que os produtores precisam cumprir também legislação ambiental para a outorga da água, além da legislação necessária para a venda do produto final ao consumidor.
Fonte: https://www.pesca.agricultura.sp.gov.br