Desde a manhã desta terça-feira, 06/03, o empresário e presidente da Associação Cearense de Criadores de Camarão (ACCC), Cristiano Maia, é também o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC). Ele assume o bastão deixado por um antecessor de peso, Itamar Rocha, cuja imagem pessoal se confundia com a da própria entidade.
Além das aspirações políticas de Rocha, que pretende se candidatar ao Senado, este foi o principal motivo da mudança, segundo confidenciou Maia à Seafood Brasil. “Como Itamar bate de frente com o governo e o setor privado em questões importantes, achamos que ele estava muito exposto. Então criamos um grupo de 12 maiores produtores do País, que chegaram à conclusão de que seria importante a alternância.”
A relação entre a ABCC e o Ministério da Agricultura piorou muito desde meados de 2017, quando a ABCC ajuizou uma Ação Civil Pública contra a União, o ministro da agricultura, Blairo Maggi, o Secretário de Defesa Agropecuária, Luis Eduardo Rangel e a coordenadora de trânsito e quarentena animal, Judi Maria da Nobrega, pela autorização à importação de camarões do Equador. Maia dá a entender que pretende retomar um pouco do diálogo perdido com o Mapa nos últimos meses.
Nos próximos dois anos de mandato, o novo presidente e a diretoria eleita selecionaram alguns pleitos principais. A briga contra a importação de camarão deve prosseguir, com novos alvos. “Hoje a Índia me preocupa mais que o Equador, porque eles tem mão de obra a US$ 1 por dia, o que torna o preço deles impossível de competir”, diz Maia.
Outra vertente será no convencimento dos produtores sobre a necessidade de se baixar o preço final do produto, de modo a ajustá-lo à realidade internacional. “Temos procurado enxugar até onde dá para diminuir o custo de produção. O teto internacional hoje é camarão de de 10g por US$ 5,80. Aqui no Brasil estamos vendendo a R$ 18 o camarão de 10g na porteira, mas queremos chegar a R$ 15.”
Ele afirma que as margens já estão apertadas, então a queda no preço será atingida com uma análise criteriosa dos custos e melhoramento genético. “Primeiro é com a genética, para produzir em 70 dias um camarão de 10 g. E depois ver como melhorar o manejo na água, ração barata, aeração etc.”
Dados preliminares antecipados por Maia indicam que a carcinicultura no Brasil pode ter chegado a 75 mil toneladas em 2017, o que representaria uma recuperação ante o ano anterior – quando foram despescadas 60 mil toneladas. Com a retomada pós-mancha branca, o novo presidente da ABCC projeta fechar 2018 com 85 mil toneladas produzidas, chegando a 100 mil toneladas em 2019.
Fonte: http://seafoodbrasil.com.br/