Basta passar numa rua turística da costa portuguesa para ver pelo menos um funcionário por restaurante a aliciar clientes, esforçando-se por salientar a frescura dos peixes nas montras de vidro. Para escolher, o turista mune-se dos guias de conversação, aponta para o prato da mesa ao lado para pedir igual ou arrisca num “ba-ca-lao” ou numa “sar-di-ne”. Para evitar que algo se perca na tradução, os restaurantes vão poder agora apresentar, a par do menu tradicional, uma espécie de “catálogo do peixe”, que reúne informações sobre as espécies mais populares do mar português.
No total, foram selecionadas vinte espécies de peixe, três cefalópodes (choco, lula e polvo), três bivalves (amêijoa, mexilhão e ostra) e três espécies de crustáceos (navalheira, santola e sapateira), todas com uma grande frequência de consumo pelos portugueses. “Este catálogo é feito para o desconhecedor das nossas espécies, ou seja, o estrangeiro. E tudo o que sirva para promover o que temos de bom é bem-vindo”, explicou ao i Carlos Moura, vice-presidente da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), durante a apresentação do catálogo, elaborado em parceria com o programa Ciência Viva. A publicação vai ter uma primeira edição de 4 mil exemplares, presentes em restaurantes em todo o país, com especial incidência nos estabelecimentos das zonas costeiras: “Se já temos cartas especiais para sobremesas e para vinhos, porque não uma para o peixe, que é do melhor que temos para oferecer?”
Rosalia Vargas, presidente do Ciência Viva, explicou que o projeto nasceu depois de uma viagem aos Açores. “Estava a jantar num restaurante quando me apresentaram uma carta do género e o resto da refeição foi a pensar na forma de fazer disso um projeto nacional”, referiu. Nas 50 páginas do catálogo são apresentadas as espécies em fotografia e texto – em português, inglês e espanhol, com informações sobre a sua distribuição nas águas portuguesas, o habitat, os comportamentos migratórios, o tipo de alimentação e as estratégias de reprodução. É também atribuído a cada um o tamanho mínimo de captura, de modo a contribuir para a sobrevivência da espécie.
Olhó peixe fresquinho Os investigadores envolvidos no projeto tiveram o cuidado de selecionar as espécies mais consumidas, mas também aquelas que não estão em risco de ruptura de stock.
Fonte: http://www.ionline.pt