A Baixada Cuiabana também tem muito a ganhar com a troca de informações entre a Hungria e o Brasil sobre as técnicas de criação de peixes nativos em cativeiro
Com muitos pequenos produtores, a região já é alvo de atenção e projetos desenvolvidos por Estado e município, que podem ser potencializados com o aumento no nível de conhecimento dos produtores. A vantagem em relação a outras regiões está na agilidade para a obtenção de licenças ambientais, hoje à cargo da prefeitura. A liberação do documento e de financiamentos dentro do Plano Safra são apontados como os grandes entraves no interior de Mato Grosso.
Superintendente em Mato Grosso do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Marlene Alves de Assunção, explica que a redução da burocracia possibilitaria o acesso de pequenos e médios produtores a linhas de crédito e ao licenciamento ambiental para a prática. “Hoje esse é um dos grandes problemas enfrentados, um verdadeiro gargalo. Infelizmente, estas pessoas acabam não conseguindo cumprir as exigências dos bancos para acessar o crédito. Com isso resolvido teremos condições de expansão, até porque a maioria é formada por pequenos produtores”. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam que 74% das 158 mil propriedades são consideradas pequenas.
Diretor do Departamento de Agricultura e Abastecimento da prefeitura de Cuiabá, Gilson Francisco também acompanhou a visita dos húngaros a Sinop e Sorriso (a 500 km e 420 km da Capital, respectivamente) na última semana. Ressaltou que a tecnologia que pode ser aprendida da Hungria, em 3 anos estaria em todo o Estado. “Temos hoje 8 convênios abertos no MPA e os prefeitos da Baixada Cuiabana trabalham para apresentar os projetos”.
Francisco explicou que Cuiabá possui, por conta de uma parceria com o governo do Estado, uma vantagem: é o município quem concede o licenciamento. “Com isso, se essa tecnologia chegar aos pequenos produtores, e acreditamos que isso vai acontecer, teremos um ganho na qualificação, faltando apenas um melhor acompanhamento na comercialização e distribuição, uma vez que peixes não são grãos, sendo altamente perecíveis”.
Para o diretor, a piscicultura pode representar a união entre a agricultura e o meio ambiente, colocando a Baixada Cuiabana na vanguarda da preservação de espécies. “Como nosso trabalho é voltado aos peixes nativos, isso tem uma relação com a preservação da natureza, porque não há a necessidade de se modificar, geneticamente, as espécies”.
Presidente da Comissão de Agropecuária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT), o deputado Mauro Savi (PR) lembrou que o Estado concorre com o Rio de Janeiro e Santa Catarina na obtenção da parceria com a Hungria. “Tenho certeza de que pudemos mostrar bem o nosso Mato Grosso, que já é conhecido mundialmente, para os empresários que nos visitaram, com todo o potencial existente e o desejo de sempre fazer mais”. Savi salientou que além dos ganhos econômicos, a transferência de tecnologia faria um bom trabalho do ponto de vista social. “Levar esse conhecimento para todos os produtores do Estado seria fundamental. Não adianta ter o tanque e não ter o conhecimento, produzir e não obter lucro. Pretendemos acompanhar todas as etapas, desde a parte burocrática até a venda. Melhorar cada um destes aspectos nos dará condições de liderarmos o Brasil e, por que não, o mundo”.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br/