Duas espécies de animais que corriam risco de desaparecer estão sendo protegidos no Estado do Amazonas por programas de manejo coordenados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e pelas comunidades de pescadores e ribeirinhos. Em seus quase 30 anos de existência, o Projeto Quelônios da Amazônia (PQA) já devolveu à natureza mais de 70 milhões de filhotes, que agora retornam às praias de nascimento para dar origem a novos exemplares desses animais.
Quem também está recebendo a proteção das instituições ambientais e da população do interior amazonense é o pirarucu (Arapaima gigas), atualmente na lista Cites de animais sobre-explorados. A autorização da pesca desse que é um dos maiores peixe de água doce do mundo é apenas para áreas de manejo e piscicultura, o que está permitindo a reposição do peixe na natureza. “Ao contrário de locais onde a pesca é realizada sem este tipo de controle, no Estado do Amazonas, o número de pirarucus aumenta ano a ano. Com isso, há também uma melhora na vida de ribeirinhos e pescadores. Mais peixes, mais renda”, afirma o superintendente do Ibama no Amazonas, Mário Lúcio Reis.
Soltura
No último dia 8 de novembro, uma equipe do Ibama foi até o município de Itamarati (a 983 quilômetros de Manaus) acompanhar a soltura de mais de 100 mil filhotes de tartarugas-da-amazônia, tracajás e pitiús nos tabuleiros de Walterbury, Nova Olinda e Vista Alegre. Segundo a coordenadora de geração de conhecimento dos recursos faunísticos e pesqueiros, da Diretoria de Uso Sustentável de Biodiversidade e Florestas (DBFlo), Maria Izabel Gomes, ao final da temporada de soltura, a região terá ampliado os números do programa em mais 500 mil indivíduos que ganharam a chance de permanecer vivos, oportunidade que, antes do PQA, provavelmente, não teriam.
Na época da desova dos quelônios, que ocorre entre agosto e setembro, os guarda-praias passam a madrugada de tocaia para saber onde as matrizes colocarão seus ovos. Eles também cuidam dos ninhos durante a incubação contra invasores e predadores. Cada postura pode chegar a mais de 180 ovos, mas a média computada é de cem ovos por ninhada.
No local das desovas, são fincados paus contendo informações de data. Após 60 dias, a areia é escavada e os filhotes já nascidos são colocados em piscinas, onde passam mais 20 dias à espera da soltura. Nessas piscinas, eles perdem o cheiro característico, que atrai predadores, e ganham mais força e agilidade, o que lhes confere maior potencial de sobrevivência.
Fonte: http://acritica.uol.com.br