Pesquisadores de uma universidade de Santos (72 km de São Paulo) descobriram duas novas espécies de bagre em rios do litoral de São Paulo. Eles foram identificados durante uma coleta há dois anos nos rios Cubatão, localizado no Parque Estadual da Serra do Mar, e Quilombo, na área continental de Santos.
O trabalho foi realizado por membros do Lapec (Laboratório de Peixes Continentais), vinculado à Unisanta (Universidade Santa Cecília), com a ajuda de professores da USP (Universidade de São Paulo).
Conforme conclusões do Lapec, o bagre da espécie Rineloricaria sp., encontrado em Cubatão, se diferencia dos outros por não ter placas ósseas no abdome. Já o Pimelodella sp., descoberto em Santos, é arroxeado e com um filamento na boca, conhecido como barbilha, mais curto – os demais bagres dessa espécie são marrom-claros.
Segundo o biólogo João Alberto Paschoa, coordenador do Lapec, outros exemplares serão coletados para que se possa dar uma denominação definitiva aos bagres. Nesta quinta-feira (26), os pesquisadores percorrerão o rio Mogi, entre Cubatão e Santos. A divulgação da pesquisa científica ainda deverá levar um ano.
Paschoa também destacou que outras duas espécies já foram identificadas por cientistas foram encontradas: o cambeva (Listrura camposi), até então restrita ao rio Juquiá, no Vale do Ribeira; e o peixe-charuto (Apareiodon sp.), jamais encontrado entre os Estados do Rio Grande do Sul e da Bahia.
O site fishbase.org, que cataloga peixes descobertos no mundo, relaciona 158 espécies de bagre, 38 delas no Brasil e as demais em países como Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, Moçambique e Porto Rico.
Mais pesquisas
O coordenador do Lapec salienta que o interesse por pesquisas em rios de Cubatão surgiu após um trabalho de conclusão de curso de um estudante do curso de Biologia Marinha da Unisanta. A iniciativa deu origem a um outro trabalho de pesquisa, entre Lapec e USP, para analisar quatro pontos do rio Cubatão (uma das fontes de abastecimento de água da Baixada Santista) e um trecho do rio Pilões – cujas margens têm moradias irregulares e que costuma transbordar após fortes chuvas.
A primeira coleta de peixes, água e sedimentos aconteceu no mês passado. O objetivo é conhecer as espécies nesses rios e a interferência causada pelo derramamento de produtos químicos após acidentes com caminhões em rodovias que cortam a Serra do Mar. O trabalho terá duração de cinco anos.
O levantamento conta com o apoio de dois centros de pesquisa da Unisanta – o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas e o Laboratório de Ecotoxicologia – e do Laboratório de Biologia e Ecologia de Peixes da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Botucatu (238 km de São Paulo).
Fonte: http://noticias.uol.com.br