Quantas espécies de peixes há no rio Paraguai? Hoje, ainda não é possível dizer com exatidão, mas há várias pesquisas em desenvolvimento buscando fazer um levantamento dos peixes do Pantanal brasileiro. Uma dessas pesquisas, o primeiro inventário de ictiofauna da região do Alto Pantanal, pode ter encontrado uma nova espécie de peixe em Cáceres, sul de Mato Grosso.
A pesquisa está sendo conduzida pelo biólogo Claumir Cesar Muniz, doutor da Universidade Estadual de Mato Grosso. Muniz está identificando as espécies de peixes na Estação Ecológica de Taiamã. “Nós já identificamos 171 espécies de peixes. Entre elas, encontramos uma que pode ser uma nova espécie. Até agora, não temos informação de um peixe com as mesmas características”, diz Muniz.
Ainda não é possível saber se o novo peixe encontrado é de fato uma espécie nova. Primeiro, exemplares do peixe serão estudados em laboratório e suas características serão comparadas com outras espécies. Há a possibilidade de não ser uma espécie nova, mas sim um peixe que migrou dos rios da Amazônia para o Pantanal – um evento ainda mais raro.
A pesquisa também ajuda a avaliar qual o estado da conservação dos rios pantaneiros. Uma das hipóteses existentes era que a pesca excessiva poderia estar ameaçando as espécies locais. O estudo mostra, no entanto, que outro vilão causa dano bem maior do que a pesca: o desmatamento e degradação nas cabeceiras dos rios causa mais impacto nas espécies locais do que a pesca.
Muniz explica que a degradação causada pelo desmatamento da vegetação das margens do rio Paraguai – locais que deveriam ser preservados, já que são Áreas de Preservação Permanente – implica na erosão do solo e assoreamento dos rios. O resultado é que o rio perde volume de água, e as espécies de peixes que sobreviveram e evoluíram nesse ambiente são as que mais sofrem. A situação ainda não está tão crítica a ponto das espécies correrem risco de extinção, mas na prática os peixes são “expulsos” do rio. “O assoreamento compromete o ambiente onde os peixes vivem. Eles são forçados a buscar outros lugares para crescer e reproduzir”.
Além de deteriorar a qualidade ambiental do rio, esse problema também compromete a economia. Isso porque o rio acaba perdendo volume de água, o que prejudica o transporte fluvial. “Ainda dá tempo de remediar esses problemas. Mas para isso é preciso repor a vegetação e fazer um trabalho mais adequado com o solo”, diz Muniz.
A pesquisa é desenvolvida por uma parceria entre a Universidade Estadual de Mato Grosso e o projeto Bichos do Pantanal, do Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental.
Fonte: http://epoca.globo.com