Evento em Tocantins abordou as novidades na cadeia produtiva da espécie
O auditório do Sebrae em Palmas, no Tocantins, foi palco da terceira edição do Workshop Pirarucu da Amazônia. O evento foi realizado no final do mês de novembro e apresentou as novidades tecnológicas para a cadeia produtiva da espécie, com destaque para sanidade, nutrição, reprodução e engorda.
Durante o workshop, que contou com a presença de cerca de 100 pessoas, foram mostrados os resultados do Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia – uma iniciativa do Sebrae, que conta com a parceria da Embrapa Pesca e Aquicultura, e desde 2007 vem impulsionando a produção do pirarucu nos estados da região Norte. Hoje cerca de 2 mil piscicultores cultivam o peixe.
Na natureza, o pirarucu pode alcançar 300 quilos. A espécie tem bexigas natatórias modificadas que funcionam como pulmões e fazem com que ele venha à superfície para respirar, quando a água tem pouco oxigênio. Mas esta característica faz dele presa fácil de pescadores extrativistas e o levou para a lista de animais em extinção. No Brasil, a pesca é permitida apenas em alguns meses do ano, em áreas de manejo controladas pelo Ibama.
Neste cenário, o cultivo em cativeiro se apresenta como uma solução e a garantia que o pirarucu não foi retirado da natureza. A espécie é a grande promessa para a piscicultura nacional, uma vez que nenhum outro peixe tem uma conversão alimentar semelhante.
Em um ano, o pirarucu atinge de 10 a 12 quilos; no mesmo período uma tilápia – espécie mais cultivada no Brasil – não ultrapassa 2 quilos. Mas ao contrário de outros peixes, o pirarucu não aceita a reprodução artificial. Eles formam casais e só então se reproduzem. Esta peculiaridade torna os alevinos caros, cerca de um real por centímetro, sendo que o tamanho recomendado para diminuir o risco de mortalidade é entre 12 e 30 centímetros.
No workshop foram apresentados os avanços das unidades piloto do Projeto Estruturante do Piracuru na Amazônia. Entre as novidades, a Embrapa falou da sexagem, técnica de identificação dos machos e fêmeas, que têm encurtado o tempo para a formação de casais. “Com a sexagem fica mais fácil montar os pares e com o casal formado aumenta a chance de ter várias reproduções por ano, porque o pirarucu não troca de parceira”, diz Newman Costa, analista do Sebrae, à frente da carteira de Aquicultura e Pesca. “Acreditamos que, nos próximos anos, o preço do alevino possa cair em decorrência do aumento do número de casais de pirarucu formados”, explica.
A parte nutricional foi outro tema em evidência. Foram apresentados os índices da conversão alimentar dos pirarucus alimentados com a ração desenvolvida pela Embrapa. A formulação tem alta taxa de proteína animal, já que na natureza os pirarucus são carnívoros, e apresentou um resultado positivo. O workshop também deu espaço para produtores compartilharem a experiência com os participantes do evento.
Mostra Gastronômica
No primeiro dia do evento, chefs de cozinha da região Norte apresentaram pratos tendo o pirarucu como ingrediente principal. O jantar para convidados foi comandado pelo consultor gastronômico Vico Crocco. O chef Fernando Von Nobre (RO) inovou com os Squares de Pirarucu, uma espécie de bruscheta coberta com a carne do peixe. Jaire de Oliveira (AC) marinou o produto para um escabeche à brasileira.
A chef Socorro de Azevedo (AP) escolheu fazer um pirarucu com um molho de tucupi reduzido e caramelado. O especialista em hambúrgueres Artur Bestene (PA) desenvolveu o Piraburguer, um hambúrguer de pirarucu com banana da terra. Expedito Melo (TO) fez o Pirarucu à Portuguesa, com camadas de peixe, feijão e farofa de ervas. Milton Braga (AM) montou um ceviche à brasileira com jambu e pirarucu marinado em limão e Dona Kalu (RR) apresentou o peixe com um molho de castanha do Brasil e farofa amanteigada.
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Fonte: http://revistagloborural.globo.com