Com exclusividade, equipe do Terra da Gente explica por que esse peixe amazônico é hoje uma preocupação que assombra algumas regiões do Noroeste Paulista.
Durante sete meses a equipe do Terra da Gente circulou pela região entre algumas barragens do Rio Grande, próximo a Cardoso, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. O objetivo foi revelar um problema grave que precisa de solução: a invasão do pirarucu, que é uma ameaça aos peixes nativos e a toda biodiversidade aquática da região, já muito afetada pelas dezenas de barragens em sua extensão (confira o vídeo acima)
- Riscos do Pirarucu em São Paulo
- O perigo da espécie se espalhar ainda mais caso ultrapasse a barragem de Marimbondo
- A voracidade. Ele precisa de 10 quilos de peixe por dia para se alimentar
- A ameaça à desova de espécies nativas
- A situação encontrada
- Muitos peixes grandes e vários registros de ‘brigas’ com pescadores profissionais e esportivos
- Pesca do filhote de pirarucu para venda a pesqueiros
- Diminuição de peixes nativos
pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do mundo. Pode passar dos 200 quilos e medir até três metros de comprimento. Basicamente ele se alimenta de peixes, mas pode comer até pequenos roedores, serpentes ou aves que caiam na água.
Mas como um peixe amazônico foi parar no interior de São Paulo? “Tinha um criador de pirarucu aqui e num período chuvoso, transbordou a represa dele. Ele tinha umas 180 matrizes de pirarucu. Os peixes desceram tudo para o rio, que é a represa nossa do Rio Grande e foram povoando. Hoje, a quantidade é imensa, por onde você navega você vê pirarucu”, conta o pescador e guia Odair Camargo, que reproduz a história que mais se ouve na região para justificar o problema.
Quem fisga o gigante garante que a carne dele é saborosa (como não é nativo o pescador pode levar o peixe para a casa). Porém o comércio do filé ainda não está tão aquecido na região. Já os filhotes têm um outro destino: os pesqueiros, interessados nos peixes pequenos e vivos para povoar lagos, já que conseguir um indivíduo dessa espécie é coisa rara, uma vez que a reprodução do pirarucu não ocorre em laboratório. Alguns pescadores locais têm conseguido bons lucros com esse tipo de pescaria. (confira o vídeo abaixo)
O pesquisador Jean Vitule, do Laboratório de Ecologia e Conservação, da Universidade Federal do Paraná acompanhou a equipe do TG durante a investigação de toda essa situação. Ele explicou detalhes da respiração do animal, sua misteriosa reprodução e o quanto ele pode ser perigoso para um ecossistema do qual ele não faz parte.
A necessidade de soluções para o Rio Grande
O coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental, o CEPTA, ligado ao ICMBio, disse que união, estado e municípios devem adotar medidas para evitar a introdução de espécies exóticas. E que o cidadão também deve ajudar evitando a soltura de peixes em outros cursos d’água. No caso do pirarucu não soltar o filhote em outro trecho. E durante a pescaria a orientação é que também não seja feita a soltura.
A preocupação é que o pirarucu se espalhe por outras barragens. “O reservatório da hidrelétrica de marimbondo por exemplo, é a praça de alimentação dos peixes do rio Mogi, principalmente os peixes migradores. Eles sobem o Pardo e o Grande, para desovar no Mogi. O impacto vai ser em toda bacia. Hoje ele está na bacia do baixo-paraná, nossa preocupação é que ele seja introduzido na bacia do alto-paraná”, explica a bióloga do município paulista de Colômbia, Maria Inácia Freitas.
Fonte: https://g1.globo.com/